sexta-feira, 4 de março de 2011

Setor capta R$ 5,9 bilhões em fevereiro

Os fundos de investimento terminaram o mês de fevereiro com captação líquida de R$ 5,9 bilhões, segundo levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O volume representa uma desaceleração no ritmo de aplicações em relação ao mês de janeiro, quando as entradas chegaram a R$ 12,5 bilhões, e também queda se comparado aos R$ 10,5 bilhões registrados no mesmo mês de 2010.
Essa diminuição no apetite do investidor fica mais evidente quando se olha a movimentação nos fundos na última semana. Nesse período, saíram R$ 14,5 bilhões do setor. Praticamente nenhuma categoria saiu ilesa. Entre as aplicações mais tradicionais, apenas previdência recebeu aplicações na semana, de R$ 206,3 milhões.
Já as carteiras de renda fixa e de curto prazo amargaram saques de R$ 5,63 bilhões e R$ 3,14 bilhões, respectivamente. Os DI tiveram resgates de R$ 1,83 bilhão, os multimercados, de R$ 1,80 bilhões e os fundos de ações, R$ 70,15 milhões. Outra categoria que perdeu recursos foi a de fundos de recebíveis, com saques de R$ 2,38 bilhões.
No mês fechado, o destaque fica por conta dos fundos curto prazo, com captação líquida de R$ 4,2 bilhões. Essa é a categoria onde está concentrada boa parte dos recursos dos fundos do poder público. As carteiras de renda fixa atraíram R$ 3,5 bilhões, os multimercados, R$ 2,05 bilhões e os fundos de ações, R$ 284,5 milhões.
A vida não está fácil para o gestor, por conta da dificuldade de acertar os cenários, avalia o sócio da Tag Investimentos, Marcelo Pereira. Ele cita exemplos de gestores, especialmente de multimercados, que foram bem em janeiro e mal no mês passado. "Cada vez mais, é preciso ter paciência, não dá para o gestor trabalhar no curto prazo e ser avaliado pelo desempenho de um, dois meses", diz.
Pereira vai mais longe. Ele ressalta que o investidor não deve tentar acertar o "timing" em fundo de investimento, ou seja, a hora certa de entrar ou sair de uma carteira. Na hora de aplicar, o valor da cota de entrada só é conhecido depois de feito o pedido, porque vai ser calculado ou no fechamento ou no dia seguinte. E, na saída, há carteiras que trabalham com prazos diferenciados de resgate, ou seja, também não é possível saber o valor a ser pago.
A Tag, segundo o executivo, tem procurado concentrar os recursos em poucos, mas bons gestores. Em termos de categorias de investimento, Pereira aposta no potencial de ganho dos fundos long/short, que operam com arbitragem no mercado de ações. "Tem muita distorção de preços", destaca, por conta da volatilidade provocada pela saída de estrangeiros da bolsa e pelos conflitos geopolíticos.
No universo das carteiras tradicionais de ações, afirma, as mais concentradas em "blue chips" (papéis mais negociados) tendem a ter retornos melhores do que as de "small caps", de empresas menores. O raciocínio é de que as ações de commodities poderiam pegar carona na recuperação da economia americana, enquanto as de empresas ligadas ao mercado interno, que tiveram fortes valorizações no ano passado, estariam vulneráveis à saída dos estrangeiros.
Na renda fixa, o jogo também está difícil, segundo Pereira. As incertezas em relação à atuação do Banco Central no combate à inflação têm levado a uma volatilidade excessiva na curva de juros. Ontem, dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,5 ponto, os contratos de juros futuros mais longos, que tinham recuado na últimas semanas, voltaram a subir, num sinal de que a visão é de que teria faltado pulso firme à autoridade monetária.
Fonte: Valor

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