quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

De olho na 'nuvem', UOL compra Diveo

Em mais um lance no movimentado mercado de centros de dados no Brasil, o UOL anunciou ontem a compra da Diveo, empresa especializada na oferta de serviços relacionados a centros de dados e telecomunicações para outras companhias.
No comunicado enviado à Comissão da Valores Mobiliários (CVM), o UOL não informa o valor da operação. O negócio foi realizado por meio da DHC Outsourcing, empresa comprada pelo UOL no ano passado. A expectativa é de que a operação seja concluída até o dia 30.
Na avaliação de analistas consultados pelo Valor, o negócio representa um passo positivo para a companhia. "Com essa aquisição, o UOL não pode mais ser considerado apenas um provedor de acesso à internet, pois outros serviços, como hospedagem, computação em nuvem e publicidade on-line, já representam quase 70% do faturamento", disse um analista que preferiu não ter seu nome divulgado. De acordo com outro especialista, a empresa está apresentando um plano saudável de aquisições e de uso inteligente de seu caixa. Segundo a revista "Valor Data", o UOL tinha R$ 490,4 milhões em caixa em 30 de setembro.
Com a Diveo, sobe para nove o número de empresas adquiridas pelo UOL em três anos, com o objetivo de reforçar sua estratégia no segmento de centros de dados. Atualmente, a empresa atende 300 mil clientes nessa área. Entre os serviços oferecidos estão hospedagem e construção de sites, estrutura de loja virtual, meios de pagamento, e-mail marketing e gerenciamento de servidores.
Uma das grandes apostas do setor é a computação em nuvem. Por essa modalidade de serviço, os sistemas e as informações dos clientes são acessados pela internet, sem a necessidade de instalar programas no computador do usuário. Os centros de dados são fundamentais nesse processo porque representam uma espécie de cofre forte no qual os dados ficam protegidos, com alta segurança.
Em abril, o UOL inaugurou um novo centro de dados em São Paulo. A unidade foi projetada para consolidar as sete unidades da companhia instaladas na capital e em Barueri, na região metropolitana de São Paulo. Com 6,3 mil metros quadrados, o centro começou a operar com dois de seus quatro andares ocupados.
A Diveo é uma empresa sediada nos Estados Unidos, com negócios no Brasil e na Colômbia. A companhia mantém um centro de dados em cada um desses países. Neste ano, um investimento de R$ 40 milhões foi anunciado para ampliar o centro no Brasil. Segundo relatório da corretora Fator, a companhia conta também com uma infraestrutura de telecomunicações de 10 mil quilômetros quadrados com a qual opera uma rede sem fio.
Do total de 1,6 mil clientes da Diveo, cerca de 1,3 mil estão no Brasil. Um dos contratos mais recentes no país foi a consolidação dos servidores - os computadores centrais de rede - da BM&F Bovespa. Segundo a Fator, o faturamento total da Diveo é estimado em R$ 200 milhões.
Várias empresas anunciaram, este ano, investimentos na construção de centros de dados no Brasil, de olho na oferta de serviços por meio da computação em nuvem. O modelo está se tornando cada vez mais atraente para as empresas porque reduz custos, tanto para quem contrata, quanto para quem oferece os serviços.
A alemã T-Systems, por exemplo, investiu R$ 50 milhões na construção de um centro de dados em Barueri, com área de 600 metros quadrados. Também em Barueri, a brasileira Alog anunciou um investimento de R$ 30 milhões para montar sua terceira estrutura no país. Para os próximos cinco anos, a previsão da companhia é de aplicar um volume adicional de R$ 30 milhões.
Já a Locaweb, que investiu R$ 49 milhões na montagem de um novo centro de dados em São Paulo, planeja aplicar mais R$ 111 milhões para ampliar suas atividades nos próximos sete anos. Em setembro, a companhia recebeu um aporte do fundo americano Silver Lake Sumeru. (colaborou Ana Paula Ragazzi, de São Paulo)

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