quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

China alcança Japão em gasto com P&D

A China está prestes a superar o Japão e se tornar o segundo país do mundo em gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D), atrás dos EUA, em mais uma reviravolta marcante na competição entre duas potências econômicas mundiais, mostra um novo relatório.
A China deve investir US$ 153,7 bilhões em P&D em 2011, ante US$ 141,4 bilhões este ano, segundo o Battelle Memorial Institute, uma instituição sem fins lucrativos dos EUA que faz pesquisa científica para o governo e a indústria. Em comparação, o Japão deve gastar US$ 144,1 bilhões ano que vem, ante US$ 142 bilhões em 2010.
Apesar da expansão chinesa, os EUA continuam a ser o país que mais gasta com P&D, respondendo por um terço do total mundial.
"A China vem sustentando esse tipo de expansão [no investimento em P&D] durante vários anos e continua apesar de tudo que está ocorrendo no atual ciclo da economia mundial", disse Martin Grueber, pesquisador sênior do Battelle e co-autor do relatório, publicado na revista setorial "R&D".
Um exemplo é que a China continuou investindo em P&D em 2009, um ano em que os EUA e muitos países ricos diminuíram esses gastos por causa da recessão.
O crescimento mundial se recuperou em 2010 e provavelmente vai continuar. O gasto total do mundo com P&D ano que vem está previsto para aumentar 3,6%, para quase US$ 1,2 trilhão, segundo o relatório do Battelle.
Nos EUA, o cenário é ambíguo. Em 2010, o gasto total do país com P&D subiu 3,2%, para US$ 395,8 bilhões. E deve crescer modestos 2,4% em 2011, refletindo, em parte, o provável declínio do financiamento governamental para P&D.
O impacto desse declínio é parcialmente compensado pelos gastos de P&D em 2011 resultantes de medidas governamentais de estímulo à economia que já tinham sido aprovadas. Sem o efeito desse estímulo e reajustado pela inflação, o investimento americano em P&D na verdade deve cair ano que vem, segundo previsões.
As empresas americanas estão gastando mais com P&D agora que os piores efeitos da recessão parecem ter se dissipado. Mas o total ainda é menor que o nível histórico de financiamento do setor.
"Num mundo perfeito, o índice [de crescimento do investimento] do setor seria maior que 5% ou chegaria a até 7%", disse Grueber. Ele calcula que o crescimento real do investimento em P&D no país em 2011 ficará perto de 3,3%.
O investimento varia de empresa para empresa. A Intel e a Cisco Systems, por exemplo, cortaram significativamente os gastos com P&D nos primeiros nove meses de 2009, em relação ao mesmo período de 2008, mas os elevaram levemente nos primeiros meses de 2010 em relação ao mesmo período de 2009.
A Microsoft, a International Business Machines (IBM) e a Johnson & Johnson cortaram os gastos com P&D nos primeiros nove meses de 2009 em relação ao mesmo período de 2008, mas aumentaram ligeiramente de janeiro a setembro de 2010 frente a um ano antes.
O mais notável é que, enquanto o gasto total da China com P&D ainda está bem abaixo do americano, a China está se esforçando para investir em certas áreas de ponta - como energia alternativa, biologia e materiais avançados - enquanto EUA e Japão mantêm boa parte do orçamento de P&D preso em áreas mais antigas, como a automotiva.
Mesmo nas áreas em que antes era retardatária, a China tem conseguido recuperar terreno rapidamente. O relatório descreve o crescimento da Huawei Technologies, empresa chinesa de telecomunicação fundada em 1998 e que agora é a terceira maior fabricante mundial de infraestrutura para telefonia celular. Mais da metade dos 60 mil funcionários da Huawei trabalha com P&D, afirma o Battelle.
O crescimento "de dois dígitos nos gastos de P&D [na China] vai acompanhar seu enorme crescimento econômico. Poucos esperam que esse alto índice de crescimento desacelere no curto prazo e alguns sugerem que ele pode até acelerar", conclui o relatório.

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