sexta-feira, 26 de junho de 2009

Bovespa disparou 3,7% e dólar caiu ontem

Valor Online

26/06/2009 08:13

SÃO PAULO - A julgar pelo começo do pregão, a quinta-feira seria mais um dia marcado pela instabilidade, mas a reviravolta de humor externo fez com que os mercados brasileiros encerrassem com tom bastante positivo. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve o maior ganho diário em mais de um mês e o dólar voltou a patamares de preço não observados em duas semanas. Depois da indefinição da quarta-feira, os contratos de juros futuros perderam prêmio de risco.

Tal mudança de humor teve origem em Wall Street, onde resultados melhores do que o esperado apresentados por empresas de construção e consumo chamou os agentes de volta às compras. E as commodities ganharam preço, o que deu fôlego aos principais ativos brasileiros.

As declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), banco central americano, Ben Bernanke, também contribuíram para a melhora de sentimento. O presidente do BC se defendeu das acusações de que teria pressionado o Bank of America (BofA) a fechar a compra do Merrill Lynch, um negócio que custou US$ 20 bilhões aos contribuintes americanos.

Além disso, o terceiro leilão de dívida da semana concluído com sucesso pelo Tesouro americano ajudou a elevar a confiança dos agentes. Os investidores também aplaudiram a decisão do Fed de estender o prazo de uma série de linhas de empréstimo que estavam prestes a expirar. Entre eles uma linha de swap de US$ 30 bilhões com o Banco Central brasileiro.

Refletindo o noticiário e mimetizando os índices americanos, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, disparou 3,71%, maior ganho percentual diário desde 18 de maio, para encerrar aos 51.514 pontos, máxima do dia. O giro financeiro somou R$ 4,77 bilhões. Com tal pontuação, o índice passou a registrar leve alta de 0,27% na semana, mas ainda perde 3,16% no mês.

Os ganhos foram puxados pelas ações da Petrobras PNe Vale PNA, que subiram mais de 4% cada. Ganhos expressivos, também, para as siderúrgicas e bancos.

Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês), o Dow Jones fechou com alta de 2,08%, aos 8.472 pontos. O S & P 500 subiu 2,14%, para 920 pontos, e o Nasdaq avançou 2,08%, a 1.829 pontos.

No câmbio, os vendedores voltaram a determinar o preço da moeda americana. Ao final do pregão, o dólar comercial apontava baixa de 1,66%, negociado a R$ 1,950 na compra e R$ 1,952 na venda. Tal preço é o menor em duas semanas.

Na roda de " pronto " da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F), a moeda caiu 1,84%, encerrando a R$ 1,9485. O giro financeiro foi de US$ 125,5 milhões, metade do registrado na sessão anterior. Já no interbancário o volume somou US$ 2,3 bilhões, 20% menos que o registrado na quarta-feira.

O gerente de operações de câmbio da Concórdia Corretora, Luiz Roberto Piason, comentou que o mercado de câmbio parece ter desarmado, hoje, uma " microbolha " formada na semana passada que culminou com o preço do dólar passando dos R$ 2,0 na segunda-feira.

Tal movimento de apreciação da moeda aconteceu no mesmo momento em que os agentes venderam commodities e os títulos americanos registraram aumento no prêmio de risco.

Para Piason, esse ambiente foi revertido. As commodities apontaram para cima a taxa de retorno dos títulos foi para baixo e a demanda por moeda americana também.

Fatores internos também ajudaram a derrubar o preço da moeda. Segundo o gerente, foi perceptível um aumento no fluxo de recursos externos e a justificativa apresentada para essa entrada são as ofertas de ações em andamento na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em especial a distribuição da Visanet, que pode bater mais de R$ 9 bilhões.

As vendas também ganharam força no período da tarde seguindo o anúncio de pesquisa de demanda para novo leilão de swap cambial visando à rolagem dos contratos que vencem em 1º de julho. Na semana passada, o BC fez duas operações com o mesmo intuito, movimentando 48 mil swaps, equivalentes a US$ 1,44 bilhão. No final da tarde, o BC confirmou a operação que será realizada ainda hoje. Quem participa do leilão ganha com a variação positiva na taxa de câmbio, por isso tem interesse em preço baixo até a efetivação da operação.

Os agentes também abriram posições vendedoras no mercado de juros futuros, embora a falta de consenso sobre a política monetária de longo prazo continue trazendo instabilidade à curva. Atenção voltada, hoje, para o Relatório de Inflação do Banco Central.

Ao final do pregão, na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F), o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2011, o mais líquido da sessão, apontava baixa de 0,04 ponto, para 10%. O vencimento para janeiro de 2012 caiu 0,03 ponto, para 10,92%. E janeiro de 2013 projetava 11,59%, desvalorização de 0,06 ponto.

Entre os curto, janeiro de 2010 destoou, fechando com alta 0,02 ponto, para 8,78%. Já o vencimento julho de 2009 caiu 0,02 ponto, projetando 9%. Já agosto de 2009 perdeu 0,03 ponto, fechando a 8,97%. Setembro de 2009 ficou estável a 8,87%.

Até as 16h15, antes do ajuste final de posições, foram negociados 843.195 contratos, equivalentes a R$ 78,71 bilhões (US$ 39,91 bilhões), alta de 61% sobre o registrado na quarta-feira. O vencimento para janeiro de 2011 foi o mais negociado, com 178.235 contratos, equivalentes a R$ 14,41 bilhões (US$ 7,81 bilhões).

(Eduardo Campos | Valor Online)

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