sexta-feira, 26 de junho de 2009

Investidores sacam US$ 1,87 bi de fundos de emergentes

Valor Online

26/06/2009 15:44

SÃO PAULO - A quarta semana de junho marcou o fim de uma corrida iniciada em meados março que tinha como destino os mercados emergentes e que também favoreceu os Fundos de Ações do Brasil. Na semana encerrada dia 24, as carteiras dedicadas ao país perderam mais de US$ 350 milhões, pondo fim a uma sequência de 15 semanas consecutivas de captação.

No entanto, a saída de recursos dos veículos com foco no Brasil não causa muita surpresa. Basta lembrar que o saldo de investimento estrangeiro calculado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estava em terreno negativo desde o começo do mês. Segundo os dados mais recentes, no acumulado de junho até o dia 23, o saldo de negociação direta do não residente estava negativo em R$ 3,18 bilhões.

Mas os saques não foram exclusividade dos fundos brasileiros. De acordo com dados compilados pela EPFR Global, todos os fundos emergentes acompanhados perderam US$ 1,87 bilhão na semana.

As categorias Fundos de Ações da Ásia (ex-Japão) e Fundos de Ações da América Latina lideraram os saques, perdendo US$ 660 e US$ 457 milhões, respectivamente.

Para a EPFR Global, os saques na Ásia e América Latina refletiram o questionamento dos agentes sobre onde e quando a demanda pelos produtos manufaturados do primeiro grupo, e pelas commodities do segundo, começará, de fato, a aumentar.

Por aqui, a avaliação mais disseminada é de realização de lucros, algo que pode ser visto com certa naturalidade depois de um rali de alta que durou três meses, e resultou em valorização superior a 50% em dólar para a bolsa brasileira.

Embora os países com foco em commodities tenham sofrido saques, a consultoria notou que os fundos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) sustentaram a tendência de atração de recursos.

Durante a semana, todos os fundos de ações acompanhados pela EPFR Global perderam US$ 4,12 bilhões, enquanto todos os fundos de renda fixa (ex-money market funds) ganharam US$ 1,94 bilhão.

Os money market funds, que prezam liquidez e segurança, mas tem baixo retorno, conseguiram recuperar cerca de metade dos US$ 55 bilhões que perderam na terceira semana do mês, quando o pagamento trimestral de impostos nos Estados Unidos e a oportunidade de arbitragem entre os fundos de índice impulsionaram os saques.

Ainda na renda fixa, os Fundos de Bônus dos Estados Unidos levantaram US$ 1,72 bilhão. E embora as medições de risco tenham aumentado na semana, os Fundos de Bônus Emergentes seguiram captando pela 11ª semana consecutiva.

De volta às ações, mas agora entre os países desenvolvidos, os saques também foram regra. Os Fundos de Ações do EUA marcaram mais uma semana com perda de recursos, embora em volume pouco expressivo.

Na Europa, mesmo com o Banco Central Europeu (BCE) trabalhado para aumentar a confiança no setor financeiro, os fundos de ações da região amargaram perda de US$ 602 milhões.

Já no Japão, as pesquisas oficiais e os índices de confiança acenam com dias melhores. Mas a queda acentuada nas exportações e o medo de deflação ainda mantêm os investidores avessos aos ativos do país, o que se traduz em quatro semanas seguidas de vendas em volume superior às compras.

Alguns fundos setoriais não sentiram os efeitos da redução do otimismo global e do consequente fortalecimento do dólar. Os veículos voltados para Commodities e Energia seguiram captando pela 16ª e 12ª semana consecutiva, respectivamente. Mas os volumes foram pouco expressivos, US$ 4 milhões para o primeiro e US$ 10 milhões para o segundo.

De acordo com a EPFR Global, os grandes ganhadores da semana foram os setoriais de Finanças, que absorveram US$ 771 milhões, com grande parte dos recursos indo para fundos de índice (ETF, na sigla em inglês).

Ainda de acordo com a consultoria, o menor apetite por risco não se traduziu em dinheiro novo para as categorias tidas como defensivas. Os fundos de Bens de Consumo perderam US$ 62 milhões, Serviços Públicos viram US$ 42 milhões irem embora e Telecom perdeu US$ 23 milhões. O grupo Saúde/Biotecnologia também não escapou dos saques, devolvendo US$ 138 milhões.

(Eduardo Campos | Valor Online)

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