domingo, 19 de abril de 2009

China ultrapassa os Estados Unidos e se torna principal destino das exportações brasileiras em março

Contrariando tendência de desaquecimento do comércio internacional, exportações brasileiras para a China registraram crescimento expressivo em março de 2009, de 158,1%, o que fez do mercado chinês principal destino dos produtos brasileiros no mês. Em momento de crescente desaquecimento da demanda mundial, a balança comercial brasileira havia apresentado em janeiro seu primeiro déficit desde março de 2001. Já no primeiro trimestre de 2009, as exportações totais brasileiras apresentaram queda para seus principais compradores, com exceção da China.

De acordo com a Carta da China, as vendas brasileiras para a China somaram US$ 3,395 bilhões no acumulado de janeiro a março, representando aumento de 62,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Já importantes parceiros comerciais como Estados Unidos e Argentina, no mesmo período, tiveram queda acentuada nas vendas brasileiras, de 37,6% e 43,7% respectivamente.

As compras brasileiras do exterior registraram redução em valor com seus principais parceiros no primeiro trimestre, incluindo queda de 12,8% da China. A única exceção foi crescimento de 2,1% dos produtos importados dos Estados Unidos. A queda das importações brasileiras da China indica início desaquecimento da indústria brasileira, uma vez que a maioria da pauta de importações (mais de 70%) corresponde à máquinas, equipamentos e matéria prima industrial. Somente no primeiro trimestre de 2009, máquinas, por exemplo, apresentaram redução de 30% em relação ao mesmo período de 2008.

Exportações de produtos brasileiros para a China têm observado rápido crescimento desde o final de 2008. A participação chinesa nas vendas brasileiras aumentou de 5% no primeiro trimestre de 2008 para 11% em igual período de 2009. Tal crescimento deve-se principalmente ao aumento das exportações de soja em grãos e de minério de ferro. No caso da soja em grãos, cuja expansão foi de 104,8% e as exportações somaram US$ 556,6 milhões, as principais razões foram estocagem para aproveitar baixos preços no mercado internacional, seca ocorrida em janeiro na China e dificuldades enfrentadas pelos produtores argentinos devido à seca que atingiu o país no início do ano e greve dos principais produtores. No entanto, é importante lembrar que não houve embarque de soja em grãos em janeiro de 2008, o que explica parcialmente considerável diferença.

As vendas de minério de ferro para a China no primeiro trimestre de 2009 expandiram 112,5% em valor e 35,3% em volume, se comparados ao mesmo período do ano anterior.

Esta expressiva discrepância em valor deve-se, sobretudo, ao aumento de cerca de 65% no preço da commodity ter entrado em vigor somente em agosto de 2008. Após agosto, contudo, em razão de estoques abarrotados e significativa desaceleração no ritmo de construções na China, volume de minério de ferro importado pelo país asiático foi menor, tendo o último trimestre de 2008 registrado redução de 30%.

Dessa forma, expressivo crescimento dos embarques de minério de ferro para a China em março de 2009, de 49,3% em valor e 37,7% em volume se comparados ao mês anterior, pode ser explicado de duas formas: simples recomposição de estoques que chegaram ao limite mínimo de segurança em janeiro, ou recomposição de estoques junto a impactos iniciais da implementação do pacote de estímulo. Deve-se ressaltar que, caso tal crescimento tenha ocorrido em razão de simples recomposição de estoques, este não deverá ser mantido por muito tempo.

O Ministério do Comércio da China (MOFCOM, na sigla em inglês) prevê aumento de 61% com gastos para compra de excedentes de grãos, óleos e outros produtos ao longo de 2009. Além do acréscimo no volume de soja e minério de ferro importado pela China, outro fator indicativo do processo de estocagem de commodities é a elevação do volume de petróleo exportado pelo Brasil para o país asiático. Apesar de não ter representado grande expansão em valor na pauta de exportações devido à queda de preços, petróleo registrou aumento de 105,1% no volume vendido, quando comparado aos três primeiros meses de 2008.

Commodities brasileiras têm-se mostrado importantes para o plano de estímulo lançado pela China no final de 2008. Um dos focos do plano é aumentar gastos em construções, em especial em infraestrutura, estimulando a indústria pesada e setor energético. Dessa forma, o Brasil posiciona-se como parceiro estratégico e importante fornecedor de bens como minério de ferro e petróleo. Alguns resultados do pacote já podem ser sentidos, a exemplo de crescimento de 2,4% na produção de aço nos dois primeiros meses de 2009 e aumento da importação de minério de ferro pelo país asiático.

Em cenário de grave crise mundial, enquanto os principais compradores de produtos brasileiros observam desaquecimento em suas economias, a China destacou-se como principal destino das exportações do Brasil em março. Ainda que o aumento das vendas brasileiras ao país asiático seja, sobretudo, devido à apenas três produtos, o incremento nas exportações é visto como bastante positivo. A continuidade do crescimento nas compras de commodities brasileiras deverá permanecer caso haja retomada da economia chinesa nos próximos meses. Segundo analistas da consultoria Dragonomics, a utilização do estoque de alguns setores estratégicos só será finalizada no segundo trimestre de 2009, podendo-se estimar, assim, que as compras chinesas deverão manter-se aquecidas até então.| Carta da China/CEBC.

Fonte: Portal Fator Brasil

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