quinta-feira, 30 de abril de 2009

Bovespa sobe e testa os 48 mil pontos

SÃO PAULO - Os investidores mantêm o tom positivo da quarta-feira e fazem a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) testar os 48 mil pontos, preço não observado desde outubro do ano passado. Por volta das 13 horas, o Ibovespa subia 1,43%, para 47.898 pontos, com giro financeiro em R$ 2,10 bilhões. Na máxima, o indicador bateu os 48.125 pontos.

Com tal pontuação, o índice marca a oitava semana seguida de valorização e acumula alta de 17% em abril. No ano, o ganho está em 27,55%.

Dia positivo também em Wall Street, onde o Dow Jones marcava valorização de 1,11%, enquanto o Nasdaq subia 2,19%. Os investidores continuam antecipando um melhora do ambiente econômico, algo que ganhou força ontem, com a leitura do Produto Interno Bruto (PIB) americano e o comunicado do Federal Reserve (Fed), banco central americano, que apontou que o ritmo de contração parece mais ameno.

O ímpeto comprador não deixa as notícias negativas - como a iminente concordata da Chrysler e a queda na renda e nos gastos do consumidor - fazer preço no mercado.

Segundo o economista da Win, home broker da corretora Alpes, José Goés, cada vez mais o investidor distingue o Brasil das demais economias. Como o país é pouco alavancado em crédito e tem um sistema financeiro consolidado e com liquidez, a economia sofre com menor intensidade os efeito da crise de crédito. " Mais investidores começam a ver que o Brasil tem um potencial de crescimento interessante " , resume.

Essa visão positiva quanto ao país, segundo o economista, fica evidenciada pela captação de recursos por fundos emergentes e pelo próprio investimento direto do estrangeiro na Bovespa. Até o dia 27 de abril, o saldo de negociação dessa classe de investidor passava de R$ 3,4 bilhões.

Ainda de acordo com Goés, esse fluxo de recursos acentua o descolamento da Bovespa de seus pares desenvolvidos. Basta lembrar que no ano Ibovespa ganha quase 28%, enquanto o S & P 500 ainda perde cerca de 1%. " É um descolamento expressivo e natural diante das perspectivas positivas para o país. "

No entanto, avalia o especialista, para essa valorização continuar de forma sustentada, é preciso haver alguma melhora no lado real da economia americana, onde os dados ainda sugerem fraca atividade por um bom tempo.

Outro fator que favorece a Bovespa, segundo Goés, é a possibilidade de novos cortes de juros. Ontem, o Banco Central reduziu a Selic em 1 ponto percentual, para 10,25% ao ano, menor taxa da série. E o economista acredita em novas reduções, mesmo que mais graduais.

No lado corporativo, a segunda linha continua em destaque, concentrando boa parte das compras. Rossi ON subia 7,02%, para R$ 7,62, depois de ganhar mais de 9% ontem. Entre as varejistas, B2W Varejo ON valorizava 6,30%, a R$ 35,08, e Lojas Renner ON aumentava 5,64%, a R$ 19,65, mesmo depois de anunciar uma queda de 56,7% no lucro primeiro trimestre, para R$ 10,9 milhões.

Depois de uma breve correção ontem, VCP e Aracruz voltam a ganhar valor. O ativo PN da VCP aumentava 5,61%, a R$ 19,36, e ação PNB da Aracruz ganhava 5,13%, valendo R$ 2,66.

Entre os carros-chefe, Vale PNA apontava alta de 2,15%, a R$ 30,75, e Petrobras PN subia 0,73%, a R$ 29,97. Gerdau PN tinha acréscimo de 3,0%, para R$ 15,77.

No segmento financeiro, Bradesco PN subia 1,06%, para R$ 27,41, e depois de oscilar em baixa, Itaú PN aumentava 0,86%, para R$ 30,34.

Na ponta vendedora, CCR Rodovias registrava baixa de 2,45%, a R$ 26,63. Sinalizando troca de posições, de mais papéis mais defensivos para os mais arriscados, as elétricas perdem valor. CPFL Energia ON recuava 2,59%, a R$ 33,43, e Eletropaulo PNB caía 2,06%, a R$ 28,90.

No câmbio, a formação da taxa é bastante instável, e parte da volatilidade pode ser atribuída à formação da Ptax (média das cotações ponderada pelo volume) que liquidará os contratos futuros de maio. Há pouco, o dólar comercial perdia 0,23%, para R$ 2,168 na venda, depois de subir a R$ 2,188 na máxima da manhã.

O Banco Central deixou de rolar cerca de US$ 3,7 bilhões em contratos de swap cambial que vencem na segunda-feira, com isso, a autoridade monetária virou um comprador líquido no mercado futuro. Mas isso não parece desestabilizar o preço.

(Eduardo Campos | Valor Online)

Fonte: Valor Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário