terça-feira, 18 de novembro de 2008

Paulson e Bernanke falam da eficiência do TARP, prevendo estratégia focada em capital

Por: Giulia Santos Camillo
18/11/08 - 14h05
InfoMoney

SÃO PAULO - Os aguardados discursos de Henry Paulson, secretário do Tesouro dos EUA, e Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, nesta terça-feira (18), trouxeram um balanço dos acontecimentos dos últimos meses, muito mais do que novidades sobre medidas futuras no combate à crise.

Os dois se apresentaram diante do Congresso dos Estados Unidos, para falar sobre o TARP (Troubled Asset Relief Program), comemorando o sucesso das medidas já tomadas para a estabilização da economia e prevenção de uma crise ainda maior nos EUA e nos demais países desenvolvidos.

Como era esperado, Paulson discutiu novamente a decisão de não utilizar os recursos do plano de resgate de US$ 700 bilhões na compra de ativos podres de instituições financeiras. Segundo ele, na época em que o programa foi proposto, isso teria impactos significativos, situação que mudou com a maior deterioração do cenário.

Preservar o capital
À época em que anunciou as mudanças no objetivo do TARP, o secretário do Tesouro dos EUA afirmou que utilizaria os recursos para investimentos diretos em instituições, como foi feito com bancos problemáticos.

Conforme explicado por Paulson, já foram utilizados US$ 148 bilhões dos US$ 250 bilhões destinados ao programa de compra de capital em instituições financeiras, sendo que outras aplicações estão sendo avaliadas.

Porém, o discurso sobre o objetivo do programa mudou. Se antes o investimento direto era a saída apresentada, agora Paulson fala sobre reservar a capacidade do TARP e manter a flexibilidade para a próxima administração, de Barack Obama. Além disso, ele afirma que investir uma parte desses recursos em facilidades de liquidez do Fed também seria algo benéfico.

"Embora não estejamos planejando iniciar nenhum outro programa de capital além dos já anunciados, uma ênfase em capital nos parece ser a melhor estratégia futura", declarou o secretário, listando as vantagens de uma maior capitalização dos bancos, como maior capacidade de empréstimo e redução das pressões de desalavancagem.

As perguntas que não calam
Paulson também aproveitou a oportunidade para responder duas perguntas que, segundo ele, têm sido feitas freqüentemente, levando em consideração que, depois da aprovação do plano pelo Congresso, a situação piorou. Dessa forma, a primeira questão é: o que deu errado e por que as autoridades não utilizam o programa para outras indústrias?

"O objetivo da legislação de resgate financeiro era estabilizar o sistema financeiro e fortalecê-lo. Não é uma panacéia para todas as nossas dificuldades econômicas. A crise no sistema financeiro já havia se espalhado na nossa economia e a debilitado. Levará algum tempo até conseguir restaurar o crédito e o nosso sistema financeiro, o que é essencial para uma recuperação econômica", responde Paulson.

A segunda pergunta é por que o programa não está dirigido para o setor imobiliário, já que tanto o secretário do Tesouro quanto o presidente do Federal Reserve sempre falaram que essa era a raiz do problema econômico?

A essa questão, Paulson respondeu que "a coisa mais importante que podemos fazer para reduzir a correção no mercado imobiliário e reduzir o número de execuções hipotecárias é aumentar o acesso a financiamento hipotecário a custos mais baixos. As ações que tomamos para estabilizar e fortalecer Fannie Mae e Freddie Mac, e através delas aumentar o fluxo de crédito hipotecário, somada ao nosso programa de capital para bancos, são ações poderosas para promover esse financiamento".

Commercial papers
Com um discurso mais breve, Ben Bernanke também ressaltou as medidas já tomadas e suas conseqüências benéficas para a economia norte-americana. Porém, dentre os principais destaques de suas declaração está a próxima medida do programa relativo aos CP (Commercial Papers).

Além da compra desses ativos e a permissão para fundos mútuos venderem títulos lastreados em commercial papers para organizações bancárias, uma terceira medida deve entrar em vigor na próxima semana, de forma a fornecer liquidez diretamente a fundos mútuos.

"Esta facilidade tem a intenção de fornecer confiança aos fundos para que eles estendam significativamente o vencimento de seus investimentos e reduzam gradativamente a dependência de emissores em vendas para o veículo de compra de commercial papers do Fed", explicou o presidente do banco.

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