quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ganhar no mercado atual pode passar apenas por uma mudança de estratégia

SÃO PAULO - A forte volatilidade dos últimos meses e as duras quedas sofridas pelos principais índices acionários globais têm tornado difícil o sucesso até mesmo de estratégias alternativas para se ganhar com a bolsa. Com as opções se esgotando, vale prestar atenção na tática dos (poucos) investidores que conseguem ganhar neste mercado.

O primeiro exemplo é o fundo Forester Value, citado pelo portal Fool como o único de todos os fundos de ações dos EUA no universo de cobertura da Morningstar a registrar desempenho positivo neste ano. A alta de 2% pode parecer insignificante perto dos ganhos exagerados nas bolsas nos últimos anos, mas é na comparação com a performance do índice S&P 500, de aproximadamente -30% no mesmo período, que surge a admiração.

Como eles ganham?
A pergunta que fica é o que o Forester Value Fund fez para conseguir se destacar tanto, já que não basta apenas sorte para ganhar neste mercado. Avaliando as estratégias do fundo, algumas lições ficam claras: investir em empresas sólidas e estáveis, mudar de estratégia de acordo com as tendências e aproveitar as oportunidades do mercado, além, é claro, de tomar providências para se proteger.

Dois movimentos do gestor do Forester Value Fund, Thomas Forester, podem esclarecer melhor essas lições. Em 2007, quando os fundos começaram a sofrer com a exposição ao declinante setor financeiro, o Forester Value realizou perdas, mudou de estratégia e procurou outros setores.

O outro exemplo, mais recente, mostra uma estratégia mais agressiva, de forma a aproveitar as novas oportunidades: nesse exemplo, vale a velha máxima de que "tempos extraordinários pedem medidas extraordinárias". Em julho, o Forester Value comprou papéis do Bank of America e os vendeu semanas depois, com um lucro de 80%.

Olhando o longo prazo
"Se você espera ser um poupador líquido durante os próximos cinco anos, você deveria esperar por bolsa mais alta ou mais baixa durante esse período?". A pergunta foi feita em uma carta enviada aos acionistas da empresa Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffet. Embora date de 1997, o texto é bem atual.

Para os que têm a resposta na ponta da língua, a continuação da carta pode ser uma surpresa e um ensinamento. Ao afirmar que muitos investidores entendem essa questão de forma errada, a carta traz a seguinte justificativa: "apenas aqueles que serão vendedores de ações no curto prazo devem ficar felizes em ver as ações subirem. Compradores em perspectiva devem preferir preços em queda".

Para os investidores de longo prazo, o conselho de Buffet (em 1997 e agora) é comprar e apostar na recuperação de alguns papéis, observando, é claro, os bons fundamentos das empresas. A oportunidade também é destacada pela Fator Corretora: "Isso não quer dizer que as bolsas não possam cair mais, mas que para os próximos três, quatro, cinco anos, boas escolhas na bolsa deverão ter desempenho superior a qualquer outro investimento".

Tendências do mercado
Para os que optarem por modificar as estratégias e se espelhar em ganhadores, atenção para alguns pontos. O primeiro é conhecer o mercado e suas oportunidades: múltiplos baratos não significam necessariamente recuperação imediata. "Uma estatística apenas não significa que as bolsas não possam cair mais", alerta Lika Takahashi, estrategista chefe da área de análise da Fator.

Outro ponto a ser levado em consideração é que apenas sabemos do sucesso das pessoas após elas terem ganhado: portanto deve-se tomar cuidado para não seguir estratégias tendo em vista eventos passados. Espelhar-se em vencedores não significa realizar os mesmos movimentos e sim estudar as estratégias.

Dessa forma, para os próximos meses, as táticas de investimento devem levar em consideração alguns fatores que podem influenciar papéis e setores: a desaceleração do crescimento chinês, que pressiona principalmente empresas ligadas a commodities; preços dos imóveis (tanto nos EUA quanto em outros países); condições dos mercados de crédito, que podem influenciar companhias e setores que necessitam de grande capital de giro para financiar operações, como setor de construção civil.

Por fim, a Fator pede atenção também ao setor de cartões: "a inadimplência no setor de cartão de crédito pode se tornar o novo problema na crise de crédito", com previsão de que a taxa de inadimplência cresça dos atuais 5,5% para os 8% vistos na época do estouro da bolha de tecnologia.

Por: Giulia Santos Camillo
06/11/08 - 10h00
InfoMoney

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