quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Brasil: crise evidencia desaceleração do PIB e deve trazer avanço do déficit fiscal

SÃO PAULO - Os desdobramentos da crise financeira atingiram o lado real das principais economias do mundo. Estados Unidos, Zona do Euro, Reino Unido, China e Japão já sentem os primeiros efeitos degenerativos na atividade econômica, e, conseqüentemente, nas expectativas de crescimento.

Por aqui, como avalia o economista Alberto Furuguem, em relatório do banco Cruzeiro do Sul, ainda é cedo para se ter uma idéia dos reais impactos no desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) para 2009, mas há consenso de desaceleração.

Ao contrário da avaliação dos governistas, que apostam em um crescimento de até 4% para 2009, as projeções do mercado, assim como as do banco, giram em torno de 2% a 3%, muito aquém das perspectivas para este ano, na casa de 5,3%.

Mais afetados
Como ocorrência da crise financeira, o crédito para os setores de produção, principalmente para a indústria, tende a se enxugar, agregar maiores taxas de juros e menores prazos de pagamento.

Revisões dos planos de investimento e produção promovidos pela indústria automobilística e eletroeletrônica recentemente, assim como o corte de 10% na produção realizado pela Vale, evidenciam um cenário propenso para desaceleração, que já respinga na disposição de compra dos consumidores.

Para Furuguem, a crise financeira internacional afetará, indiscutivelmente, o nível de atividade da economia brasileira, fator que deverá recobrir em perda de receita tributária por parte do Governo.

O caso da dívida pública
Na visão do economista, não se pode descartar uma queda na receita em termos reais, já que a rentabilidade das empresas em geral tenderá a cair "substancialmente". Do outro lado, as despesas públicas deverão continuar em expansão, muito devido à base de despesas.

Como conseqüência, as despesas com investimentos tenderão a ficar ainda mais prejudicadas, evidenciando a deficiência do Estado neste quesito, o que dificultará o cumprimento das metas fiscais, que aqui se traduz em novos impostos e aumento das alíquotas cobradas.

Com um quadro fiscal mais apertado, o economista avalia que o Governo deverá voltar a disputar a oferta de recursos com o setor privado, tanto de origem interna ou empréstimos externos.

Neste cenário, Furuguem antevê a manutenção da política de juros altos aplicada no Brasil, que garante bons lucros para a renda fixa, e dificuldades para os tomadores de financiamento, somando mais um fator para reduzir os investimentos do setor privado.

Visão de longo prazo
Para aqueles que pensam em investir em Bolsa, o economista recomenda uma visão de longo prazo, aproveitando os preços baixos para reforçar o portfólio de investimento.

No que depender do cenário atual, as ações deverão flutuar conforme as expectativas de resultados das empresas, com inevitáveis oscilações diante da evolução das economias mundiais, em desaceleração.

Por: Rafael de Souza Ribeiro
06/11/08 - 13h35
InfoMoney

Nenhum comentário:

Postar um comentário