quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Perda de valor de bancos no exterior inquieta o governo


As ações dos grandes bancos europeus e americanos estão derretendo. As perdas, ontem, foram drásticas, houve ameaça de corrida bancária na França e reflexos nas maiores instituições financeiras do mundo. Consideradas indicadores que antecipam as tendências dos mercados, sobretudo das bolsas, as ações dos bancos estão sendo acompanhadas com lupa por especialistas do governo brasileiro.
Desvalorizações sistemáticas podem levar à contração da oferta de crédito externo. Na crise de 2008, os financiamentos externos ao Brasil secaram tanto no interbancário quanto no crédito para o comércio exterior.
Se isso se repetir, levará a uma depreciação do real, com consequências boas e ruins. Pelo lado positivo, a queda da demanda por commodities brasileiras seria compensada por uma desvalorização cambial. Pelo negativo, o câmbio deixaria de contribuir para o controle da inflação e haveria perda de poder aquisitivo dos salários. No início de dezembro de 2008, o dólar, que chegou em agosto a R$ 1,55, estava cotado a R$ 2,49.
Depois que a agência de rating Standard & Poor's reclassificou o risco americano de AAA para AA+, a França, até poucos dias atrás considerada reduto razoavelmente seguro, passou a ser o segundo país da lista sob risco de rebaixamento. Ontem, a S&P negou que esteja planejando retirar o grau de investimento triplo A, mas as ações do Société Générale caíram 14,74% (44,85% no ano) e as do BNP Paribas, 9,47% (25,20% desde janeiro).
Desde a semana passada o governo brasileiro já acompanhava a França com preocupação. O spread dos títulos públicos de dez anos do governo francês frente aos do governo alemão estão no maior valor dos últimos 15 anos, com 90 pontos-base de diferença. Para a Espanha a distância é mais gritante: de 350 pontos.
O temor de forte desaceleração da economia ou recessão global leva os bancos a diminuírem as operações de crédito, com consequente redução dos lucros, e induz o investidor a fugir de aplicações voláteis. Nos Estados Unidos, as ações dos bancos também tiveram quedas expressivas. As do Bank of America, o maior banco americano, caíram 10,92%, as do Citigroup, 10,47% e as do Goldman Sachs, 10,1%. No ano, as ações dessas instituições registram perdas de 49,17%, 39,74% e 33,89% respectivamente, segundo levantamento do Valor Data.
Fonte: Valor

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