quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vale volta a brilhar

Demanda chinesa alta, chuvas na Austrália e expectativa de novo reajuste do minério de ferro. Pode-se dizer que o cenário para os papéis da Vale é cor-de-rosa. Não é de estranhar, portanto, que as ações preferenciais (PNA, sem direito a voto) classe A da mineradora apareçam no topo das recomendações para a Carteira Valor de fevereiro, com seis indicações, deixando de lado inclusive a incerteza com uma eventual mudança no comando da empresa.
Mas não são apenas as ações da Vale que se mostram uma boa oportunidade. Os analistas resolveram também ir à caça dos papéis que caíram bastante no mês passado. São ativos que foram particularmente afetados pelo novo ciclo de aumento da taxa básica de juros iniciado no Brasil em janeiro e pela adoção de medidas heterodoxas de política monetária para conter, pelo menos um pouco, o consumo.
No grupo de empresas com bom potencial estão as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da AmBev - que registraram queda de 11,34% em janeiro - e que aparecem no portfólio recomendado por três corretoras. Outro caso são os papéis ordinários (ON, com direito a voto) da Lojas Renner, cuja queda somou 14,18% no mês passado, e que tiveram duas indicações para a Carteira Valor. Já Itaú Unibanco PN, que caiu 10,04% no primeiro mês do ano, teve duas citações.
Em janeiro, a Carteira Valor registrou perda de 6,41% - superior à queda de 3,94% do Índice Bovespa no período. Em 12 meses, o portfólio, formado a partir das recomendações de dez corretoras, apresenta rentabilidade de 3,87%, ante 1,79% do indicador.
A seletividade setorial e também de papéis continuará sendo fundamental ao longo de fevereiro, à medida que os riscos relativos ao cenário internacional e os efeitos de uma aceleração inflacionária no Brasil deverão levar a um aumento da volatilidade, avalia Luciana Leocadio, analista-chefe da Ativa Corretora.
Este deve ser o ano da Vale, afirma Pedro Galdi, analista-chefe da SLW. O preço do minério de ferro voltou a testar os US$ 200 por tonelada e há uma série de fatores que deve contribuir para o bom desempenho da mineradora brasileira. Primeiramente, a demanda por parte da China continua alta e deve se manter assim por um bom tempo, avalia Galdi.
A China tem a maior reserva da commodity do mundo, mas o teor de ferro é baixo (28%), enquanto o da Vale é de 65%. "E a demanda chinesa, portanto, deve continuar elevada", diz o analista.
A escassez de carvão siderúrgico vista nos últimos meses no mercado internacional deve aumentar o preço do minério de ferro de melhor qualidade, em especial o da companhia brasileira, que conta com reservas de alto teor, como Carajás (PA), ressalta Luciana, da Ativa.
As chuvas na Austrália contribuíram para elevar o otimismo com as ações da Vale em fevereiro, pois as concorrentes BHP e Rio Tinto foram prejudicadas. No mês passado, as PNAs da Vale tiveram alta de 5,78%, enquanto as ONs subiram 3,72%.
Mesmo com a valorização das ações, os papéis da Vale ainda são negociados com desconto ante as concorrentes. Segundo os cálculos de Luciana, a mineradora brasileira tem Preço/Lucro (P/L, indicador que dá uma ideia do prazo para o investidor ter retorno com a ação) de 7,5 vezes. No no caso da BHP, esse múltiplo é de 11,6 vezes. Há informações ainda de que a Índia estuda proibir exportações de minério de ferro, com a intenção de preservar a matéria-prima para a indústria de aço doméstica, que está em expansão. Isso pode pressionar mais o preço do minério.
O apertado balanço entre a oferta e a demanda de minério de ferro ainda deve sustentar o preço da commodity em níveis elevados em fevereiro, avalia Luciana, da Ativa. A analista acredita numa nova rodada de reajustes de preços do minério no segundo trimestre, o que favorece o balanço da empresa e, por consequência, a perspectiva para suas ações.
Os preços do minério de ferro na China no mercado à vista (spot) aproximam-se novamente de suas máximas históricas, indicando fortes resultados no primeiro e segundo trimestres deste ano, ressalta Kelly Trentin, chefe do departamento de análise da corretora Spinelli.
Fonte: Valor

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