terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Na corda bamba do mercado

Fortes oscilações na curva de juros futuros e venda de mercados emergentes por investidores globais têm atrapalhado a vida dos gestores de fundos multimercados neste início de ano. Levantamento da Economatica mostra que, de um universo de 170 carteiras com patrimônio líquido acima de R$ 100 milhões e mais de 100 cotistas, apenas 44 tiveram desempenho acima do índice de referência, o CDI, em janeiro. Se excluídos os fundos long/short, são 31 carteiras de um total de 146.
Na média, o retorno dos multimercados no primeiro mês do ano foi de 0,50%, ante 0,86% do CDI, aponta o índice Arsenal Composto. Nenhuma das estratégias acompanhadas pelo indicador superou o benchmark. Os fundos macro, que operam grandes tendências de mercado, registraram a pior performance: 0,30%.
Em fevereiro, até o dia 9, o índice Arsenal Composto continua mostrando desempenho inferior ao CDI: 0,21% para os multimercados, ante 0,29% do referencial. Neste mês, apenas os "equity hedge", onde estão os long/short, superam o CDI, com 0,48%.
O tropeço, contudo, não tirou o otimismo dos gestores. Neste início de ano, conta o presidente do Modal Asset, Alexandre Póvoa, os gestores tiveram de lidar com dois episódios inusitados, nos juros e na bolsa. No mercado de renda fixa, afirma, sinais contraditórios emitidos pelo Banco Central acerca da condução da política monetária mexeram com a curva de juros futuros.
A comunicação do governo com o mercado está ruim, acrescenta o sócio da Claritas Investimentos, Marcelo Karvelis. "Sabe-se que o combate à inflação não será só via juros - isso já está nos preços -, mas com medidas macroprudenciais que nunca foram testadas, o que gera incertezas." Até o ajuste fiscal está sob desconfiança.
Já na bolsa, a saída de recursos dos emergentes em direção aos desenvolvidos acabou com a correlação entre os mercados local e externo. "Uma tese nova", diz Póvoa, do Modal. Karvelis, da Claritas, ressalta, no entanto, que a fuga para os desenvolvidos é por uma boa razão (a recuperação das economias desenvolvidas), apesar do fato inusitado. "Mesmo que isso tenha significado ajustes para os emergentes no curto prazo - poucos se beneficiaram do movimento -, a expectativa é de diminuição da aversão a risco, o que é bom", diz o sócio da Claritas. Se percepção de risco continuar caindo, vai sobrar dinheiro para todo mundo.
Fonte: Valor

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