sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Petróleo avança na bolsa

A empresa de petróleo e gás do grupo Queiroz Galvão vai listar suas ações na BM&FBovespa. A operação pode superar US$ 1 bilhão. Com isso, além da gigante estatal Petrobras, o investidor terá acesso a quatro empresas desse segmento na bolsa, considerando as já listadas OGX e HRT. Alcançadas as expectativas para essa operação e para a do braço australiano que atua no Brasil da Karoon, o setor deve captar cerca de R$ 5,5 bilhões no mercado paulista - apenas nos três últimos meses do ano.
Adicionando a Petrobras, que obteve R$ 40 bilhões junto a investidores de sua megacapitalização de R$ 120,3 bilhões, concluída no fim de setembro, o setor terá levantado a nada desprezível quantia de R$ 45,5 bilhões por meio do mercado brasileiro em apenas quatro meses.
Entretanto, vale destacar que o espaço que as novas empresas de petróleo estão encontrando - apelidadas de "companhias juniores" - deve-se à insatisfação deixada pela Petrobras. Os estrangeiros ficaram descontentes com a condução política do processo e o aumento da participação da União na empresa
A expectativa é que a Queiroz Galvão caia mais no gosto do investidor local, pela tradição do grupo no país. As demais colocações tiveram como forte componente a demanda internacional. Contudo, o sucesso das ofertas iniciais, como sempre, dependerá do preço das ações que serão vendidas, o que ainda não é de conhecimento público.
O grupo tem operações em diversos segmentos, como construção, rodovias, energia, agroindústria e siderurgia. No ano passado, a receita total somou R$ 6,4 bilhões.
A atuação na área de petróleo e gás vem desde 1981. A companhia, cujo nome completo é Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP), se descreve no prospecto aos investidores como a maior empresa de controle privado brasileiro no setor de petróleo e gás em termos de produção diária em barris equivalentes de petróleo no Brasil, segundo dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em dezembro de 2009. Nos primeiros nove meses deste ano, teve lucro líquido de R$ 136,4 milhões, ante R$ 24,9 milhões de igual período de 2009.
Em seu portfólio, a companhia possui direitos de concessão sobre oito blocos exploratórios distribuídos na costa brasileira, incluindo os reservatórios no pré-sal, localizados nas Bacias de Santos, Jequitinhonha e Camamu.
Além disso, tem participação de 45% na concessão do Campo de Manati, localizado na Bacia de Camamu, maior campo de gás natural não-associado em produção no Brasil de acordo com dados da ANP, com capacidade de produção de aproximadamente 50,3 mil barris equivalentes de petróleo por dia.
A empresa pretende aplicar de 70% a 80% dos recursos que forem captados na aquisição de novos blocos e negócios e de 20% a 30% na exploração do portfólio atual.
Vale destacar, porém, que há fluxo de recursos, em especial internacional, para outros setores também. Tanto que deve ocorrer ainda neste ano a abertura de capital da companhia de energias renováveis Desenvix, cujo objetivo é levantar até US$ 500 milhões, e da rede de farmáciasDroga Raia, que pode obter até US$ 250 milhões.
Somando essas operações, que não devem encontrar dificuldade no mercado (mantidas as atuais condições), o ano de 2010 deve terminar com um saldo de 14 novas companhias abertas, que terão movimentado aproximadamente R$ 15,5 bilhões.
Considerando as ofertas subsequentes, das companhias já listadas - exceto Petrobras -, o total de ofertas de ações sobe para 23 operações, que devem totalizar perto de R$ 43 bilhões.
Assim, o ano deve terminar quase empatado com 2009 nas captações, que foi o segundo melhor da história, perdendo apenas para 2007 - período de maior efervescência do mercado brasileiro em ofertas de ações em função da grande liquidez global do pré-crise. No ano passado, foram realizadas 24 distribuições públicas, entre novas listagens e operações subsequentes, que somaram R$ 45,9 bilhões. (Colaborou Ana Luísa Westphalen)
Fonte: Valor

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