terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ofertas públicas de ações devem somar R$ 14 bilhões em três meses

As ofertas públicas de ações devem somar cerca de R$ 14 bilhões nos próximos três meses, de acordo com cálculos do Itaú BBA. Desse total, cerca de R$ 5 bilhões são de seis empresas que já estão com pedido de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e outros R$ 9 bilhões são estimados para operações que ainda não são conhecidas pelo mercado. No ano até agora, as 20 operações realizadas somam R$ 147,7 bilhões, ou R$ 27,5 bilhões excluindo-se a megacapitalização da Petrobras.
No grupo daquelas que já estão com os processos mais avançados, a rede de farmácias Droga Raia, a empresa de educação Anhanguera e a companhia do ramo de energia renovável Desenvix tentarão acessar o mercado ainda neste ano. A Droga Raia publicou ontem o aviso ao mercado, com detalhes de preço e cronograma da operação.
Já a fabricante de autopeças Autometal, a administradora de shopping centers Sonae Sierra e a petroleira Queiroz Galvão Exploração e Produção planejam realizar suas ofertas no início de 2011.
Segundo Fernando Iunes, diretor-executivo do Itaú BBA, os próximos dois trimestres devem ser bem aquecidos em distribuições de ações, até porque muitas operações ficaram represadas à espera da conclusão da capitalização da Petrobras, no fim de setembro.
Para ele, que participou ontem de evento organizado pela regional paulista do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-SP), há demanda de investidores por ativos no Brasil, já que o país tem um cenário macroeconômico positivo, enquanto em outras regiões do mundo a previsão é de pouco crescimento.
Desde o término da operação da Petrobras, quatro empresas acessaram o mercado. Juntas, a empresa de educação Estácio, a petroleira HRT, a consultoria imobiliária Lopes e a rede de corretoras de seguros Brasil Insurance levantaram R$ 4 bilhões. A única oferta frustrada foi a da empresa australiana de petróleo e gás Karoon, que cancelou a oferta no dia do fechamento do preço, alegando condições adversas de mercado.
Para 2011 como um todo, o advogado Sérgio Spinelli, sócio do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, projeta que possa haver entre 40 e 60 captações no mercado de ações, entre operações de empresas estreantes e já listadas. "Há espaço para isso, pelo que temos na fila já para o primeiro semestre", afirmou o advogado, que também participou do evento.
Um pouco mais conservador, Iunes, do Itaú BBA, concordou que 40 ofertas em 2011 é "factível". "Acho que pode chegar a esse número, tendo em conta os mandatos que nós temos. Mas vai depender das condições do mercado", disse ele, acrescentando que é razoável estimar que haja cem distribuições públicas nos próximos três anos. "Ainda há poucas empresas listadas."
Se o piso da estimativa de Spinelli se confirmar no ano que vem, o mercado de capitais brasileiro voltará ao mesmo patamar de 2006 em número de ofertas, mas ainda ficará distante das 76 captações realizadas em 2007, quando os especialistas consideram que houve exagero de todos os lados, pois foram ao mercado empresas pouco preparadas para a vida de companhia aberta.
Ao apresentar um resumo das ofertas iniciais de ações deste ano, Iunes destacou o fato de que as primeiras operações ocorreram num cenário em que o comprador estava com o poder para determinar o preço a que as ações seriam vendidas. Por isso, muitas empresas tiveram que reduzir o valor previsto de venda dos papéis para que a transação tivesse sucesso - casos da administradora de shoppings Aliansce, da empresa de fidelidade Multiplus, da investidora imobiliária BR Properties, do estaleiro OSX e da companhia de logística Júlio Simões.
Ele ressaltou, no entanto, que nas duas aberturas de capital mais recentes, da HRT e da Brasil Insurance, o preço de venda das ações ficou no ponto médio do intervalo sugerido no prospecto preliminar na operação. A existência da seletividade do investidor, no entanto, teria sido evidenciada na oferta da Karoon.

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