terça-feira, 28 de setembro de 2010

Na internet, o sucesso em dois meses

Criadores do Zipme, um agregador de ofertas de sites de compras coletivas, vendem empresa para o gigante Buscapé
Murilo Roncolato, de O Estado de S. Paulo  
SÃO PAULO - Dois jovens publicitários, amigos de faculdade, deixaram as agências que trabalhavam em janeiro deste ano. Desempregados, decidiram iniciar o próprio negócio. Apostaram na internet e criaram em quatro dias, com a ajuda de amigos, o site Zipme, que agrega ofertas de lojas online de compra coletiva. Em dois meses de vida, a marca foi comprada pelo Buscapé, gigante do setor de vendas online, por um valor não divulgado.
Agora, os rapazes anunciam um investimento de cerca de R$ 5 milhões até o fim do ano, só para começar. O paulistano Guilherme Wroclawski, de 27 anos, conheceu Heitor Chaves, de 25, natural de Lins, interior de São Paulo, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), onde estudaram.
No início de 2010, após deixarem seus empregos, passaram a acompanhar o mercado de compra coletiva - conceito novo, que surgiu há dois anos com uma empresa dos EUA, chamada Groupon. O site exibe ofertas de produtos que só serão realmente vendidos por determinada loja associada quando atingirem um mínimo de interessados.
Quando começaram a investigar esse novo tipo de negócio, não havia nada parecido no Brasil. Por isso, a ideia inicial era criar um site de compra coletiva nos moldes dos internacionais. Na mesma época, em menos de três meses, surgiram cinco novos "players", como o Peixe Urbano e o Clube Urbano (pertencente ao Groupon). "Vimos os novos sites surgindo e, em vez de nos assustarmos, optamos por usar aquilo a nosso favor", diz Chaves. A dupla se colocou no lugar do usuário que acompanha as ofertas em vários sites diferentes e teve a ideia de colocar todas num lugar só.
Boca a boca. Dessa "sacada", segundo Chaves, é que surgiu a ideia de criar o Zipme, nome que veio do software "Winzip", que agrega vários arquivos de computador em apenas um. O site trabalha com o sistema de compra coletiva e com "clube de compra", que não exige mínimo de interessados para vender seu produto.
O Zipme foi criado em 1.º de julho. "O lançamento foi bem tímido na época e a resposta veio no boca a boca, usando as redes sociais", conta Wroclawski. Eles atingiram mil acessos na primeira semana e 30 mil usuários por dia na terceira. Hoje, são cerca de 2 milhões por mês. "A melhor resposta de um negócio é quando o cliente faz a sua propaganda", diz ele.
Quando surgiu, o Zipme agregava as ofertas de seis portais de compra coletiva. Atualmente, são 39. O crescimento representa diretamente maiores oportunidades para os "agregadores" como o Zipme - que, aliás, não paga nada para os sites de compra, já que estão apenas reproduzindo uma informação, defendem. "O modelo de negócio aqui é invertido", diz Wroclawski. "Nós nos tornamos o principal canal de venda desses sites. Num futuro próximo, eles é que pagarão para a gente."
No dia 22 de setembro, o gigante Buscapé, que compara preços de produtos ofertados por lojas online, comprou o Zipme e contratou os dois publicitários para tocar o negócio dentro da empresa. Com a compra, mudaram também o nome para SaveMe, por questões de marketing e de uma antiga vontade dos donos em acrescentar o conceito de economia à marca.
No Brasil ainda não há estudos sobre o mercado de compras coletivas. Segundo Wroclawski, nos EUA, onde já há cerca de 200 sites desse tipo, são previstos US$ 300 milhões até o fim do ano. O Groupon, com dois anos de vida, tem um valor de mercado próximo a US$ 1,3 bilhão.

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