quarta-feira, 3 de março de 2010

Votorantim faz expansão na CBA


Enquanto monitora, com lupa, o que considera ainda fracos sinais de recuperação da economia mundial pós crise, pelo menos para os negócios que comanda, a Votorantim Metais decide que o momento é bom para crescer em alguns segmentos no Brasil. Por conta da expansão imobiliária, por exemplo, a holding de metais do grupo Votorantimvai investir R$ 400 milhões, 40% do seu orçamento total para 2010, em um projeto para expansão de produtos transformados de alumínio. Infraestrutura e embalagens são outros mercados promissores.
Os dinheiro será alocado para instalar duas novas prensas de extrusão na unidade de negócio alumínio operada pela Cia. Brasileira de Alumínio (CBA) no interior de São Paulo. Os dois equipamentos vão adicionar capacidade de 2 mil toneladas mensais às atuais 3,6 mil de material fabricado, com destaque para perfis, usados em edificios comerciais residenciais, comerciais e outros. As duas máquinas já foram encomendadas e a previsão da VM é estar com elas em operação ainda no quarto trimestre deste ano.
"Nosso foco, no momento, é atender o crescimento da demanda que vemos no mercado interno", afirma João Bosco Silva, diretor-superintendente da VM. No cenário mundial, explica, ainda não existem fundamentos firmes que justifiquem a retomada de empreendimentos que foram paralisados por conta da crise de setembro de 2008, seja em alumínio, níquel ou alumínio.
A CBA, maior fundição de alumínio do país, com capacidade de 475 mil toneladas ao ano, tem projeto para instalar mais uma linha de 125 mil toneladas, a oitava da empresa, mas o plano está em banho-maria devido ao custo de energia no país, considerado um dos mais altos do mundo. Enquanto isso, busca ampliar sua oferta de produtos transformados. Cerca de 80% da produção da CBA está voltada para o mercado interno.
Segundo Bosco, apenas a expansão da fábrica de zinco de Cajamarquilla, projeto de US$ 500 milhões no Peru, foi mantida durante a crise, porque já estava com 80% das obras avançadas. Mesmo com esse percentual, a unidade de ferro-níquel, em Niquelândia (GO), foi paralisada e não tem data definida para ser reativada. Em Juiz de Fora (MG), a empresa mantém paralisado o projeto Polimetálicos na sua unidade de produção de zinco.
"Somos um produtor responsável", declara o executivo, lembrando que o ano ano passado foi muito difícil - de queda forte nos preços dos metais e de retração profunda na demanda local e mundial de metais. Ele exemplifica: "Comparada a 2007, a cotação média do alumínio teve queda de US$ 1 mil no ano passado". Por conta do câmbio, acrescenta, o preço em real caiu muito.
Enquanto 2009 foi "um ano de foco na conservação do caixa, com pente fino nos custos e racionalização das operações", este "ainda tem muitas incertezas no mercado, pois não há sinais fortes de aumento da demanda". O aumento de preços que se verificou está mais relacionado à volta dos investimentos dos fundos de commodities, desestimulados perante à fraqueza do dólar e dos juros baixos. Para Bosco, a boa notícia é que os estoques, nos produtores e armazéns da Bolsa de Metais (LME) pararam de cair.
A VM não enxerga, neste ano, nada exuberante nos preços. "Vemos um cenário de relativo aumento em alguns casos; em outros, nada", diz Bosco. Para o alumínio, um acréscimo de 20% sobre a cotação média de 2009, para algo como US$ 2 mil a tonelada. No níquel, zero de recuperação - a indicação é que ficará estacionado em US$ 17 mil (preço médio). Já o zinco, que a empresa prevê produzir 760 mil toneladas por conta da duplicação de Cajamarquilla, a alta será de 30%. "Neste último caso, há o efeito China", aponta, informando que o país é um grande importador tanto de zinco quanto de níquel.
Para zinco, o mercado brasileiro também vive um bom momento, informa. O consumo de aço galvanizado (que utiliza uma camada de revestimento com o metal) pela indústria automotiva tem crescido bem, mas ainda ligeiramente abaixo de 2008.
O executivo observa que os preços ainda são bem inferiores à média observada nos anos de 2006 a 2008. Aqueles foram anos dourados para os metais e todos os produtores no mundo ganharam muito dinheiro. E a Votorantim Metais também não ficou fora dessa era de bonança.
Hoje, a VM reúne em São Paulo 370 clientes brasileiros, dos EUA e da França em São Paulo para traçar um panorama da economia mundial e para discussão de segmentos de consumo, como infraestutura, agronegócios, transportes e embalagens. Ângelo Zavattieri, diretor da área de mineração e metalurgia do Barclays Capital, em Londres, traçará uma panorama do mercado mundial de commodities metálicas.

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