Enquanto monitora, com lupa, o que considera ainda fracos sinais de recuperação da economia mundial pós crise, pelo menos para os negócios que comanda, a Votorantim Metais decide que o momento é bom para crescer em alguns segmentos no Brasil. Por conta da expansão imobiliária, por exemplo, a holding de metais do grupo Votorantim vai investir R$ 400 milhões, 40% do seu orçamento total para 2010, em um projeto para expansão de produtos transformados de alumínio. Infraestrutura e embalagens são outros mercados promissores.
Os dinheiro será alocado para instalar duas novas prensas de extrusão na unidade de negócio alumínio operada pela Cia. Brasileira de Alumínio (CBA ) no interior de São Paulo. Os dois equipamentos vão adicionar capacidade de 2 mil toneladas mensais às atuais 3,6 mil de material fabricado, com destaque para perfis, usados em edificios comerciais residenciais, comerciais e outros. As duas máquinas já foram encomendadas e a previsão da VM é estar com elas em operação ainda no quarto trimestre deste ano.
"Nosso foco, no momento, é atender o crescimento da demanda que vemos no mercado interno", afirma João Bosco Silva, diretor-superintendente da VM. No cenário mundial, explica, ainda não existem fundamentos firmes que justifiquem a retomada de empreendimentos que foram paralisados por conta da crise de setembro de 2008, seja em alumínio, níquel ou alumínio.
A CBA, maior fundição de alumínio do país, com capacidade de 475 mil toneladas ao ano, tem projeto para instalar mais uma linha de 125 mil toneladas, a oitava da empresa, mas o plano está em banho-maria devido ao custo de energia no país, considerado um dos mais altos do mundo. Enquanto isso, busca ampliar sua oferta de produtos transformados. Cerca de 80% da produção da CBA está voltada para o mercado interno.
Segundo Bosco, apenas a expansão da fábrica de zinco de Cajamarquilla, projeto de US$ 500 milhões no Peru, foi mantida durante a crise, porque já estava com 80% das obras avançadas. Mesmo com esse percentual, a unidade de ferro-níquel, em Niquelândia (GO), foi paralisada e não tem data definida para ser reativada. Em Juiz de Fora (MG), a empresa mantém paralisado o projeto Polimetálicos na sua unidade de produção de zinco.
"Somos um produtor responsável", declara o executivo, lembrando que o ano ano passado foi muito difícil - de queda forte nos preços dos metais e de retração profunda na demanda local e mundial de metais. Ele exemplifica: "Comparada a 2007, a cotação média do alumínio teve queda de US$ 1 mil no ano passado". Por conta do câmbio, acrescenta, o preço em real caiu muito.
Enquanto 2009 foi "um ano de foco na conservação do caixa, com pente fino nos custos e racionalização das operações", este "ainda tem muitas incertezas no mercado, pois não há sinais fortes de aumento da demanda". O aumento de preços que se verificou está mais relacionado à volta dos investimentos dos fundos de commodities, desestimulados perante à fraqueza do dólar e dos juros baixos. Para Bosco, a boa notícia é que os estoques, nos produtores e armazéns da Bolsa de Metais (LME) pararam de cair.
A VM não enxerga, neste ano, nada exuberante nos preços. "Vemos um cenário de relativo aumento em alguns casos; em outros, nada", diz Bosco. Para o alumínio, um acréscimo de 20% sobre a cotação média de 2009, para algo como US$ 2 mil a tonelada. No níquel, zero de recuperação - a indicação é que ficará estacionado em US$ 17 mil (preço médio). Já o zinco, que a empresa prevê produzir 760 mil toneladas por conta da duplicação de Cajamarquilla, a alta será de 30%. "Neste último caso, há o efeito China", aponta, informando que o país é um grande importador tanto de zinco quanto de níquel.
Para zinco, o mercado brasileiro também vive um bom momento, informa. O consumo de aço galvanizado (que utiliza uma camada de revestimento com o metal) pela indústria automotiva tem crescido bem, mas ainda ligeiramente abaixo de 2008.
O executivo observa que os preços ainda são bem inferiores à média observada nos anos de 2006 a 2008. Aqueles foram anos dourados para os metais e todos os produtores no mundo ganharam muito dinheiro. E a Votorantim Metais também não ficou fora dessa era de bonança.
Hoje, a VM reúne em São Paulo 370 clientes brasileiros, dos EUA e da França em São Paulo para traçar um panorama da economia mundial e para discussão de segmentos de consumo, como infraestutura, agronegócios, transportes e embalagens. Ângelo Zavattieri, diretor da área de mineração e metalurgia do Barclays Capital , em Londres, traçará uma panorama do mercado mundial de commodities metálicas.
Fonte: Valor Online
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