quarta-feira, 24 de março de 2010

Com gestão enxuta, agências especializadas em mídias sociais se assemelham a produtoras


Opinião é de Abel Reis, sócio da AgênciaClick, que já surgiu com vocação online, mesmo antes das redes de relacionamento
Hugo Passarelli, do Economia & Negócios  
SÃO PAULO -
Empresários e jovens empreendedores têm se arriscado em um mercado ainda pouco explorado no País, o das agências especializadas em publicidade via mídias sociais. O motivo é simples: as empresas estão de olho em uma relação mais estreita com o cliente e as redes sociais oferecem essa oportunidade - em fevereiro, as 10 maiores redes sociais no Brasil somavam 29,2 milhões de usuários, segundo dados do IBOPE Nielsen Online.
Entre os jovens de 18 a 24 anos, o alcance dessa mídia é enorme. Ainda de acordo com o IBOPE, mais de 90% deste público navegou em sites da categoria 'Comunidades' em fevereiro, o que inclui blogs, fóruns, Facebook, Twitter, Orkut... Nesta web de dicas, o importante é investir no engajamento do cliente em relação ao produto. E em seguida, contar com o poder de influência desse meio sobre seu círculo de amigos, numa espécie de efeito bola de neve. "Conforme o engajamento vai aumentando, o investimento diminui", considera Chris Rother, diretora de negócios do IBOPE Nielsen Online.
A AgênciaClick, criada há mais de 17 anos, já nasceu com ênfase em marketing digital, mas a partir de 2007, com o avanço do Orkut no Brasil, passou também a dedicar atenção às mídias sociais. "É um elemento fundamental da vida das pessoas", diz Abel Reis, sócio da AgênciaClick.
O foco da Click, ele explica, é pensar numa inserção digital mais ampla. Mas Reis não acha que as especializadas em mídias sociais são concorrentes diretas das 'tradicionais'. "Nós não temos um perfil de produtora [de conteúdo]. E eu acho que essas agências têm esse perfil". Produzir conteúdo, seja em blogs ou redes sociais, é uma maneira de rejuvenescer uma marca e aproximá-la do cliente
Reis ainda acredita na convivência saudável entre ambas. A própria Click contrata agências para fazer ações via redes de relacionamento online, como é o caso da Boo Box, cujo dono é Marco Gomes, de apenas 21 anos.
Outra aposta da Click foi transformar seu site ("burocrático", nas palavras de Reis), em uma rede social. Este "polo de atração de talentos", que já descobriu diversos profissionais atualmente contratados, caminha para os cinco mil membros.
Negócio de marketeiro
Para Jair Tavares, diretor de atendimento e planejamento da paulistana Polvora!, criada em 2008, o objetivo das agências de mídias sociais é criar uma presença online para as empresas - isto inclui a criação de blogs, sites, contas no Twitter etc. Tavares trabalha com marketing há cerca de 12 anos e enxergou nestas mídias a oportunidade de ter mais êxito em seu trabalho, "porque o marketing sempre tenta chegar da forma mais eficaz ao público-alvo".
Em 2006, a Riot, presente em seis países da América Latina, surgia apostando neste nicho. Ela também crê no crescimento deste tipo de publicidade. "O Plano Nacional de Banda Larga, que prevê subsídio à banda larga em todo o território brasileiro poderá dar um impulso enorme ao expandir e aprofundar o consumo de internet no País", diz Guilherme Delorenzo, responsável pelo Núcleo de Novos Negócios da Riot, em resposta enviada por e-mail.
Operação enxuta
Para quem gosta de olhar para os números, os lucros da Polvora! e da Riot em 2009, de R$ 2 milhões e R$ 5,3 milhões, respectivamente, podem parecer pouco, principalmente se comparados ao da Click, que chegou perto dos R$ 70 milhões no mesmo período. Mas convém lembrar que tais empresas são jovens, investem num mercado bastante específico e possuem, em média, 20 funcionários, entre diretores, sócios e estagiários. A operação é enxuta. "Por ter essa cara de produtoras, essas agências tendem a ser menores", diz Abel Reis, da Click. "Posso afirmar que do ponto de vista do investimento, fomos conservadores", garante Jair Tavares, da Polvora!.
Fonte: Estadão

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