terça-feira, 16 de março de 2010

Alugam-se papéis: Saiba como elevar a rentabilidade do investimento em ações


Por Juliana Garçon

12/03/20010
 Mire no longo prazo” é a recomendação unânime dos especialistas para quem aplica na Bolsa de Valores. A ideia é investir em companhias de futuro e participar de seu crescimento, que, ao longo dos anos, é refletido em pagamento de dividendos e na valorização das ações. Daí que as oscilações momentâneas têm pouca importância. Portanto, não há nada a fazer para assegurar algum ganho no curto prazo, certo?
Errado. Quem tem ações e não pensa em vendê-las pode alugá-las, e, assim, tirar proveito das oscilações e manter o direito aos dividendos.
Se pensou “eu nem sabia que posso alugar minhas ações”, você está no mesmo barco que a grande maioria dos investidores independentes.
Esse tipo de contrato é feito pelo Banco de Títulos – BTC da BM&FBOVESPA. A modalidade surgiu nos anos 70, conta o educador financeiro Mauro Calil, e evoluiu até se tornar um produto padronizado, como é hoje em dia. Funciona assim: o investidor (“ponta doadora”) avisa a corretora que está disposto a alugar suas ações, na totalidade ou em parte. Os papéis ficam à espera de interessados, que são, em geral, gestores profissionais atuando em estratégias de ganho no curto prazo.
Eles pegam as ações “emprestadas”, pagando aluguel, porque acreditam que, em breve, a cotação vai cair. Então, fazem uma venda “a descoberto” (sem possuir a ação) pelo preço atual, esperando comprá-la de fato, após alguns dias, semanas ou meses, com preço menor.
Suponho, por exemplo, que você tem um lote de ações atualmente cotadas a R$ 100. Outro investidor acredita que, na semana seguinte, elas cairão para R$ 90. Então ele pega a sua ação emprestada e vende a R$ 100. Daí fica pagando aluguel. Tempos depois, poderá recomprar a ação por R$ 90 e embolsar a diferença. Isso se acertar a previsão! Se der tudo errado, bem prejuízo para ele, mas você recebe pelo aluguel e ainda tem uma ação que se valorizou.
As taxas pagas pelo aluguel de ações vão de 0,5% a 6% do valor do papel ao ano, conforme a ação. Os que têm maior liquidez – ou seja, são negociados com grande frequência – e menor risco oferecem remuneração menor. É o caso das blue chips, as principais companhias listadas no pregão. Ações de companhias menos negociadas ou que têm maior risco pagam as taxas mais apetitosas.
Os contratos são feitos, geralmente, por 30 dias e podem ser renovados automaticamente. O pagamento acontece no encerramento do contrato ou a cada 30 dias. Tudo deve ser combinado e esclarecido com a corretora que intermedia o negócio e, claro, fica com um pedacinho da taxa de aluguel. A propósito, esse tipo de operação não pode ser feita pelo home broker, o sistema de acesso ao pregão via internet para usuários individuais. Deve ser fechada pessoalmente.
Não há risco envolvido nessa estratégia uma vez que o tomador das ações será monitorado pela BM&FBOVESPA para garantir que o doador receba as ações emprestadas mais a taxa de remuneração na data do vencimento.
Finalmente, é fundamental entender, frisa Calil, que enquanto as ações estão alugadas, o proprietário não pode vendê-las. Portanto, o mecanismo só serve para quem realmente pretende manter os papéis na carteira. “Não vale a pena para quem entra e sai das aplicações com grande frequência”, destaca. Tanto que algumas corretoras só intermediam negócios de, pelo menos, 15 dias.
Até porque, a operação é tributada da mesma forma de aplicações em renda fixa. Se for encerrada em menos de 30 dias, paga IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) proporcional. E a alíquota do Imposto de Renda, para períodos inferiores a seis meses, é de 22%. Tudo isso espreme os ganhos!
Começar com pequenos volumes é a dica do especialista para quem quer experimentar o sistema. “Para ir além da renda fixa, o investidor deve aprender a investir devagar e com constância na renda variável. O aluguel de ações ajuda a diluir o risco nessa estratégia.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário