Na quarta-feira 27, a Vale deu um passo importante para reduzir sua dependência do minério de ferro, que responde por cerca de metade de suas receitas globais de US$ 40 bilhões. Por US$ 3,8 bilhões, a companhia adquiriu os ativos da americana Bunge Limited na área de fertilizantes, numa transação que envolve minas de fosfato e plantas de processamento do produto. A cartada da Vale, que inclui a fatia de 42,3% da Bunge na Fosfertil, leva a empresa a uma posição destacada no agronegócio brasileiro, despontando como a principal fornecedora de insumos para a fabricação de adubos no País. “Essa operação é de fundamental importância para a consolidação da estratégia da Vale em focar o Brasil como o grande mercado para sua produção de fosfato”, disse, em comunicado, Roger Agnelli, diretorpresidente da Vale. O mercado financeiro reagiu bem à transação. Na avaliação de Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, a mineradora adquiriu um ativo de qualidade e com capacidade de gerar dividendos no médio prazo. “A demanda por produtos agrícolas deverá crescer, puxada principalmente pelo aumento do consumo em países emergentes como a China”, afirma Galdi. Além disso, a transação ajuda a reconstruir a “ponte” entre a direção da mineradora e o governo Lula, crítico contumaz dos investimentos recentes da companhia, que privilegiaram o mercado externo.
Para a Bunge, o negócio está alinhado com sua nova estratégia. A companhia ficou livre do imbróglio com as exparceiras e engordou o caixa para apostar em áreas consideradas fundamentais: açúcar e etanol, nas quais já aplicou R$ 4,7 bilhões nos últimos anos. “Não pretendemos reduzir nossa atuação no Brasil. Queremos, sim, é fortalecer os setores prioritários para a companhia em termos globais”, diz o brasileiro Alberto Weisser, presidente mundial da Bunge, durante teleconferência com analistas. Mas isso não significa dizer que a Fosfertil seja um “mico”. Muito pelo contrário. A empresa tem posições importantes nos mercados de fósforo e nitrogênio, com fatias de 22% e 23,4%, respectivamente. Suas bases produtivas estão situadas em pontos estratégicos do eixo Cento-Oeste-Sudeste, onde se concentram 45% da produção de grãos e 40% do consumo de adubos. Do ponto de vista produtivo, os ativos da Fosfertil completam a primeira etapa da lista de aquisições da Vale, que já conta com minas de fosfato e potássio no Brasil e em mercados importantes como Argentina, Moçambique, Peru e Canadá. E a ambição da Vale é ser a maior do mundo neste setor.
Fonte: ISTOÉ Dinheiro
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