terça-feira, 3 de novembro de 2009

Comprar ações de empresas como Microsoft, Google, Apple e Ebay será mais acessível ao investidor brasileiro nos próximos anos


Você já se imaginou sócio de Bill GATES e Steve Jobs? Adquirir uma ação da Microsoft ou da Apple pode ser realidade para o brasileiro já no próximo ano. Na semana passada, a BM&FBovespa e a bolsa norteamericana Nasdaq OMX assinaram um protocolo de intenções por meio do qual os investidores poderão enviar ordens de compra e de venda no sistema de negociação do mercado de ações dos EUA.

O mesmo vale para os americanos que tenham interesse em comprar papéis diretamente no nosso mercado. No momento, as duas bolsas estão em fase de avaliação do negócio e dos investimentos a serem realizados. Segundo o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, a concretização do acordo não passa de 2010.

"O acordo vai trazer um novo leque de produtos para o investidor", disse o executivo à DINHEIRO na manhã da quarta-feira 28, após a estreia da ação da Cetip na Bovespa. Desde o ano passado, os brasileiros já podem negociar contratos de derivativos em Chicago. E os gringos já podem contratar opções e futuros de taxas de juros, taxas de câmbio, Ibovespa e commodities na BM&F. Esses negócios ainda engatinham.

Se os derivativos financeiros são mais utilizados por investidores profissionais, a opção de negociar no mercado à vista americano tende a ser uma medida que se popularizará rapidamente. "Há interesse e demanda para isso. É legal o investidor poder comprar Microsoft, Google e outras empresas nas quais hoje ele não tem oportunidade de participar como acionista", avalia o gerente de pesquisa da corretora Planner, Ricardo Martins.

A Nasdaq é uma das principais bolsas do mundo e tem 3,8 mil empresas listadas. Esse número chegou a cinco mil em 2000, mas o estouro da bolha da internet matou muitas empresas de tecnologia, sua principal fonte de negócios. Só para comparar, na Bovespa são apenas 432 empresas. Com quase quatro mil novas ações em seu portfólio, o investidor terá como principal benefício a diversificação e a possibilidade de aplicar seu dinheiro em setores que, no Brasil, não têm liquidez ou são mesmo inexistentes.

"Aqui, não há empresa equiparável ao Google", compara o gestor da área de carteiras da Verax Serviços Financeiros, Pedro Lérias. As compras diretas na Nasdaq deverão passar por uma corretora brasileira. Além de Microsoft, Apple e Google, você poderá se tornar acionista da Intel, da Amazon. com, da Ebay e do Yahoo!, entre outras. Mas não vá com muita sede ao pote.

O investimento em ações dessas e de outras empresas precisa ser estudado cuidadosamente. O posicionamento de cada companhia, os balanços e a governança devem ser levados em conta. O tamanho do jogo também é outro. No Brasil, só a Vale (US$ 135 bilhões) e a Petrobras (US$ 205 bilhões) se aproximam do valor de mercado das companhias mais negociadas por lá, como a Microsoft (US $ 254,7 bilhões).

Acordo da BM &FBovespa com a Nasdaq permitirá aplicar em ações nos eua

Em 2008, o índice Nasdaq, que mede o desempenho médio dos papéis listados, caiu 40,54%, mais do que os 33,84% do índice Dow Jones, o clássico termômetro da Bolsa de Nova York. Por outro lado, a recuperação das empresas de tecnologia tem sido mais acelerada: o Nasdaq já subiu 34,2% e o Dow Jones, 12,6%, em 2009, segundo a Economática.

Os últimos balanços das empresas, ainda que mostrem algumas perdas, ficaram acima das expectativas dos analistas que as acompanham. As ações da Apple, as mais negociadas dentre as maiores por valor de mercado, subiram 110% no período. As da Amazon, 154% (leia tabela abaixo). Quando a Nasdaq estiver a um clique do seu mouse, comece a investir devagar até ganhar confiança.

A alocação dos recursos deverá ser de até 5% do total que você investe hoje em ações, recomenda o professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA ), Ricardo Almeida. "À medida que o investidor brasileiro for aprendendo sobre estas empresas, poderá investir valores maiores", diz.

Com a maior diversificação, destaca Almeida, o investidor que optar por estas ações protegerá parte de seus investimentos, caso haja uma desvalorização acentuada dos ativos no Brasil, por conta de algum problema interno, por exemplo. Acompanhar de perto o desempenho da política americana também será essencial para quem investir nos papéis, pois ainda há incertezas em relação à saúde dos bancos e o enfraquecimento do dólar.

"O mercado dos Estados Unidos está em processo de recuperação e o retorno tem sido gradual", pondera o analista da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, que ainda prefere os investimentos no mercado local. "A economia brasileira ainda está numa situação melhor." A compra de ações listadas na Nasdaq ainda depende da formalização do acordo.

Tanto a bolsa paulista quanto a americana têm até 31 de dezembro para discutir o assunto com exclusividade. Até lá, será necessário resolver pendências como a integração dos sistemas e os custos para os investidores. Fique atento, pois tudo indica que vai ser uma nova boa opção para o investidor brasileiro.

Fonte: IstoéDinheiro


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