quarta-feira, 29 de julho de 2009

Efeito China determina baixa na Bovespa

SÃO PAULO - Refletindo o noticiário externo e o preço das commodities, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve a maior perda diária em três semanas. O Ibovespa encerrou com baixa de 1,35%, aos 53.734 pontos. Essa foi a maior perda diária desde 7 de julho, quando o índice cedeu 2,3%. O giro financeiro, no entanto, foi baixo, somando R$ 4,64 bilhões.

Segundo o assessor de investimento da Corretora Souza Barros, Luiz Roberto Monteiro, a história se repete: notícias ruins sobre a China derrubam o preço das commodities e, por conseguinte, os papéis brasileiros.

Os investidores no lado ocidental do globo começaram o dia assimilando uma queda de 5% no Xangai Composite, da Bolsa de Xangai. Entre os inúmeros motivos para a queda, o mais discutido foi a expectativa de medidas para restringir o crédito e a entrada de capital na China. O governo estaria preocupado com bolhas no mercado de ações e imobiliário.

Seguindo o roteiro básico, notícias ruins para a China atingem em cheio o preço das commodities, já que o país asiático é o grande consumidor de matérias-primas no mundo. O barril de WTI, por exemplo, perdeu 5,8%, para US$ 63,35. E os metais também perderam valor.

Só isso já seria suficiente para estimular uma queda no Ibovespa. Mas dados negativos da economia americana e uma valorização de 11,45% acumulada nos últimos 10 pregões também favoreceram a atuação dos investidores na ponta vendedora.

Segundo Monteiro, para saber se essa realização de lucros vai durar mais ou não, o investidor deve monitorar o fluxo de recursos estrangeiros.

O especialista lembra que foram os estrangeiros que puxaram a alta observada até o começo de junho, quando o Ibovespa flertou com os 55 mil pontos pela primeira vez, e que também foram esses investidores que derrubaram o índice para baixo dos 49 mil duas semanas atrás. "E agora não será diferente."

Os dados disponibilizados pela Bovespa mostram que o saldo de negociação do não residente estava positivo em R$ 1,59 bilhão no acumulado do mês até o dia 24 de julho. Isso significa que em oito pregões os "gringos" compraram mais de R$ 3,73 bilhões em ações brasileiras, já que o saldo até o dia 14 estava negativo em R$ 2,13 bilhões.

No lado corporativo, Petrobras PN apresentou baixa de 2,67%, para R$ 30,90, e o papel ON recuou 3,66%, para R$ 37,85. Além do menor preço do petróleo, a companhia admitiu, em nota, que os poços perfurados no pré-sal não tiveram 100% de sucesso exploratório. De acordo com a estatal, a taxa de sucesso para a presença de hidrocarbonetos foi de 87% para 30 poços perfurados na região, enquanto 100% de sucesso acontece apenas quando são consideradas as 11 perfurações feitas pela companhia no pré-sal da Bacia de Santos.

Liderando o volume negociado, Vale PNA fechou com baixa de 1,69%, fechando a R$ 31,85.

Ainda no segmento de commodities, Gerdau PN caiu 2,45%, para R$ 21,06, e Usiminas PNA devolveu 1,39%, a R$ 42,40. Com outra dinâmica, o segmento de papel e celulose seguiu atraindo compradores. VCP PN garantiu alta de 2,94%, para R$ 27,30.

Entre os bancos, Itaú Unibanco PN cedeu 1,32%, para R$ 33,45, e Bradesco PN recuou 1,70%, a R$ 29,45.

Na ponta compradora, destaque para unit da ALL Logística, que garantiu alta de 3,08%, para R$ 11,36. Papéis de telecom e energia, tidos como de caráter mais defensivo também ganharam valor. Telemar PN subiu 3,05%, a R$ 28,70, e Cemig PN ganhou 2,12%, a R$ 26,88.

Liderando as vendas durante todo o pregão, o papel PN da TAM caiu 4,90%, para R$ 22,50. Já a concorrente Gol PN devolveu 2,25%, a R$ 13,88.

Fora do índice, chamou a atenção a valorização do papel ON da OGX Petróleo, que ganhou 7,54%, para R$ 1.140,00, com elevado volume financeiro. As construtoras também continuaram atraindo compradores. CR2 Empreendimentos saltou 8,02%, a R$ 5,79, e InPar ON ganhou 6,66%, para R$ 3,20.

(Eduardo Campos | Valor Online)

Nenhum comentário:

Postar um comentário