terça-feira, 12 de maio de 2009

No dia da Petrobras, OGX rouba a cena

No pregão que antecedeu a divulgação dos resultados da gigante Petrobras (que apresentou seus números após o fechamento), foram as ações da OGX que roubaram a cena. Enquanto o mercado interrompeu a sequência de valorizações do Ibovespa (queda de 0,82%, aos 50.976 pontos), as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da empresa de Eike Batista, ainda em fase pré-exploratória, chegaram a subir mais de 7%, para fechar com alta de 2,46%, aos R$ 915,00. No ano, os papéis ganham 74%, performance que supera em boa medida os ganhos da principal "blue chip" da bolsa brasileira, de 45%. 
A OGX informou que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) aprovou a compra de mais 15% da participação nos direitos de exploração do bloco BM-S-29, na Bacia de Santos, abocanhando uma fatia total de 65%. Em nota, a empresa declarou que a aquisição adicional confirma a confiança no sucesso exploratório daquele bloco, "baseada no refinamento da interpretação dos dados sísmicos existentes."
Em menos de um ano listada na Bovespa - a companhia empreendeu, em junho de 2008, a maior oferta pública inicial (IPO, em inglês) do mercado brasileiro, com uma captação de R$ 6,7 bilhões -, as avaliações em torno das ações são cercadas de controvérsias. Há quem diga que os papéis, majoritariamente nas mãos dos estrangeiros, viraram ativos típicos de especulação. Outros, veem, de fato, valor neste caso de investimento, que, por ora, não passa de uma campanha exploratória.
Para o diretor-geral da Schroders Brasil, Beto Scretas, a OGX é um dos símbolos da irracionalidade recente do mercado, que levou o Ibovespa da casa dos 40 mil pontos de janeiro para marcas como a dos 52 mil pontos atingidos na semana passada. "A empresa se tornou simplesmente a décima maior capitalização de mercado da bolsa, vale R$ 29 bilhões, é quase uma CSN (com valor de mercado de R$ 36 bilhões), mas, por enquanto, é apenas uma promessa", diz. Ele cita que, quando a companhia estreou na bolsa, a R$ 1.131, as cotações internacionais do petróleo rondavam os US$ 140,00 o barril. Do início do ano para cá, os papéis quase dobraram de valor e, nesse mesmo intervalo, o óleo avançou cerca de 30%, para os US$ 58,50 negociados ontem. "Não há evidências de que a OGX vai ser tão melhor sucedida nas perfurações que vai fazer e é isso que está nos preços atuais."

A aquisição adicional dos direitos de exploração do bloco BM-S-29 é relevante porque mostra que a companhia está vendo valor nesse prospecto, que será o primeiro a ser furado, em junho, afirma a analista Paula Kovarsky, da Itaú Corretora. Apesar da valorização expressiva dos papéis neste ano, ela se diz confortável para manter indicação de compra, com um preço-alvo em R$ 1.210. As revisões sísmicas em 3D programadas para o segundo semestre e os outros cinco furos em Campos e Santos ao longo do ano é que vão dar uma dimensão do potencial do portfólio. No curto prazo, porém, as ações podem passar por um movimento de realização de lucros, de investidores que não queiram estar expostos aos riscos da primeira perfuração, que pode ser emblemática do que virá adiante. Das pesquisas até virar produção mesmo, a expectativa é de que a OGX só comece a gerar receitas a partir de 2011.
Com quase todo o dinheiro do IPO em caixa, a OGX hoje é praticamente um fundo DI - que investe em papéis de renda fixa - e é ainda difícil mensurar quais serão os custos operacionais envolvidos no projeto e se há viabilidade econômica com o petróleo nos atuais níveis, contrapõe um analista, que prefere não ser identificado. A favor pesa o fato de a empresa ser formada por um time predominantemente egresso da Petrobras e que tem expertise nesse tipo de atividade. Ele acrescenta que o início das negociações de Global Depositary Receipts (GDR, recibos de ações) no mercado de balcão nos EUA reforça a atratividade dos papéis aos olhos dos estrangeiros. 
O ambicioso negócio de Eike Batista é principalmente pautado nas promessas do pré-sal, mas enquanto não houver resultados dos testes de perfuração, as ações ficam vulneráveis a movimentos especulativos, diz Peter Ping Ho, da Planner . Para Auro Rozenbaum, da Bradesco Corretora, a OGX é a única oportunidade no segmento de petróleo e gás, está no lugar certo (Brasil) e surgiu na hora certa. O especialista começou a cobrir a empresa no início de abril, com indicação de compra e preço em R$ 1.287,4.

Fonte: ValorOnline

Nenhum comentário:

Postar um comentário