terça-feira, 12 de maio de 2009

Instabilidade externa contagia o Ibovespa, que cai puxado por Vale e Petrobras

Por: Equipe InfoMoney
12/05/09 - 17h42
InfoMoney

SÃO PAULO - De intenso movimento tanto na esfera econômicaquanto na corporativa, a terça-feira (12) foi delineada pela instabilidade nos mercados. Os sinais de melhora no mercado imobiliário enxergados por Alan Greenspan deram certo fôlego aWall Street no final do dia, mas não foram suficientes para tirar oIbovespa do vermelho. Por aqui, o fraco desempenho dos papéis de produtoras de celulose, Vale e Petrobras ofuscou a afirmação do rating de grau de investimento do Brasil pela Fitch e o índice fechou no território negativo pelo segundo pregão.

Além de afirmar que o mercado imobiliário norte-americano está próximo de uma recuperação, o ex-presidente do Federal Reserve disse que é "muito fácil de ver" que os mercados financeiros continuam melhorando. Quanto à diluição acionária de importantes instituições, Greenspan afirmou que "empresa após empresa vem levantando capital" e que elas estão tendo êxito ao contrário do que as expectativas do mercado apontavam anteriormente.

Por falar em diluição acionária, seis executivos da General Motors (-20,1%), incluindo seu antigo vice-presidente, Bob Lutz, divulgaram na véspera a venda de quase US$ 315 mil em ações, além da liquidação de suas posses diretas na companhia. Conforme o último fechamento, seria levantado aproximadamente US$ 1,8 bilhão no processo. Nesta mesma linha, a Ford (-17,6%) emitirá 300 milhões de papéis em uma oferta pública de ações, a fim de evitar possíveis aportes do Estado em meio à crise no setor.

Agenda também pesa
Parte do mau humo também foi proveniente da esfera econômica. A NAR (National Association of Realtors) mostrou que os preços dos imóveis residenciais tiveram a maior queda em bases anuais da sua série histórica de 30 anos. Ainda por lá, o déficit da balança comercial avançou pela primeira vez em sete meses, no entanto, menor que as projeções.

No âmbito doméstico, as atenções se voltaram para a afirmação da classificação de grau de investimento ao Brasil pela agência de risco Fitch. O investment grade segue sendo suportado pela sólida política externa e pela estabilidade macroeconômica brasileira, explicaram os analistas, para quem a resposta das autoridades domésticas à crise financeira global também merece elogios. No mesmo sentido, a perspectiva da nota brasileira continua estável.

Também em destaque na agenda externa, os números referentes ao orçamento do governo foram divulgados pelo Tesouro norte-americano. O relatório aponta déficit de US$ 20,9 bilhões em abril, montante em linha com as projeções do mercado, que previa um saldo negativo de US$ 20 bilhões.

Vale e Petrobras
Guiado pela instabilidade verificada nas bolsas norte-americanas, o Ibovespa foi pressionado pelos ativos de produtoras de celulose, Vale e Petrobras. Além da classificação reafirmada ao País, o bom desempenho do setor de alimentos também contribuiu para amenizar as perdas da bolsa brasileira.

Apesar dos resultados da estatal terem, de maneira geral, agradado os analistas, os papéis da empresa terminaram no campo negativo. O movimento foi influenciado pelas insinuações sobre o uso da estatal de manobras ou artifícios contábeis para redução de tributos, negadas "categoricamente" pela empresa.

Além disso, rumores envolvendo um possível aumento de capital usando parte da fatia do governo no campo de Tupi, com o objetivo de financiar o desenvolvimento do pré-sal no futuro, foi mal visto pelos analistas.

Influenciadas pelo anúncio de sua primeira descoberta de hidrocarbonetos na Bacia de Santos e também pela negativa dos rumores de que teria feito uma oferta para adquirir ativos da LLX Logística, os papéis da Vale também registraram forte baixa, apesar do ganho verificado nas cotações dos metais.

Ibovespa cai 1,28%
O Ibovespa terminou com queda de 1,28% nesta sessão, de volta aos 50.325 pontos. O volume financeiro do índice totalizou R$ 5,20 bilhões.

Já no setor de papel e celulose, destaque para as ações da VCP, que ficaram com a maior desvalorização do benchmark. Somado ao movimento de realização de lucros frente aos recentes ganhos, o corte de recomendação realizado pelo BMO Capital nesta sessão também ajuda a explicar a queda dos papéis.

Na outra ponta, no setor de alimentos, as ações da Perdigão dispararam e encabeçaram os ganhos do índice. Às vésperas da divulgação dos resultados, ganham fôlego as especulações em torno das conversas de fusão com sua concorrente Sadia, cujos ativos também apresentaram valorização. No meio da tarde, a primeira enviou comunicado ao mercado afirmando que os estudos prosseguem, mas que nenhum acordo fora firmado.

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