quinta-feira, 7 de maio de 2009

Mercado para empresas de tecnologia ainda é incipiente

As empresas de tecnologia podem ser mais valorizadas que as demais nos Estados Unidos, como mostra o estudo do professor Márcio Marcelo Belli, da Universidade de São Paulo (USP), mas a conclusão não se aplica ao mercado brasileiro, ainda pouco desenvolvido nesse segmento.
No Brasil, são poucas as empresas de tecnologia de capital aberto, porque, além de o país não ser um grande fornecedor de tecnologia no mundo e não ter tradição em criar companhias do setor, a liquidez que o mercado de ações brasileiro oferece ainda é pouco atrativa. 
"O mercado de ações americano teve um desenvolvimento completamente diferente do nosso, e está em um estágio muito mais avançado, o que possibilita uma visão mais ampla do valor destas companhias", explica José Francisco Vinci de Moraes, chefe do Departamento de Economia da ESPM. 
Isso é evidenciado, segundo o especialista, ao se analisar a criação da bolsa eletrônica dos Estados Unidos. A Nasdaq, ou National Association of Securities Dealers Automated Quotation System, surgiu em 1971, representando um avanço no mercado financeiro americano, por utilizar sistemas eletrônicos para negociar as ações.

As inovações tecnológicas da nova bolsa foram o principal facilitador da entrada das empresas de tecnologia no mercado de ações. "O custo para se abrir capital na Nasdaq era menor, já que ela não utilizava pregões ao vivo, por exemplo", explica Moraes.
Assim, empresas recém-nascidas como Google puderam adquirir recursos para o seu desenvolvimento. 
"O início no mercado de ações para essas empresas era difícil, já que elas não tinham grande capital físico, só ideias. Mas a Nasdaq facilitou esse caminho", conta. Diante da oportunidade que os baixos custos da bolsa eletrônica ofereceram, as novas companhias de tecnologia conseguiram se consolidar até que, em 1999, elas representavam o maior mercado de ações americano em volume de dólares. 
No Brasil, no entanto, a possibilidade de as empresas de tecnologia adquirirem tal desenvolvimento e peso no mercado financeiro hoje é remota, segundo o especialista. "O mercado de capitais brasileiro ainda é restritivo e pouco atrativo para as empresas de tecnologia que aqui operam, que são, em sua maioria, estrangeiras e podem captar no exterior", afirma. 
Ainda assim, Belli, da USP, acredita que a tendência é que os países em desenvolvimento sigam o mesmo caminho dos mercados mais avançados. "As empresas de tecnologia que acabaram de abrir o capital na Índia já têm altíssimos valores de mercado. Com o Brasil, quando houver tal desenvolvimento, não será diferente", afirma o pesquisador.

Fonte: ValorOnline

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