sexta-feira, 22 de maio de 2009

Mais US$ 398 mi entram em fundos de ações

SÃO PAULO - Os recursos externos continuam desembarcando no Brasil em busca de rentabilidade. Apenas na terceira semana de março, os fundos de ações voltados ao país receberam outros US$ 398 milhões, elevando o total captado no ano para cima dos US$ 2,6 bilhões. 

Segundo a EPFR Global, consultoria que acompanha a movimentação mundial dos fundos, o bom desempenho do Brasil reflete o quão ansiosos estão os investidores em colocar seu dinheiro para trabalhar depois de meses de baixo rendimento em títulos de países desenvolvidos.

Para o diretor-gerente da consultoria, Brad Durham, um sinal claro disso é que os investidores sacaram outros US$ 21 bilhões dos "money market funds" na semana passada. Esses fundos oferecem segurança, mas retorno mínimo, e contabilizam retiradas de US$ 78,2 bilhões no ano.

Os motivos dessa corrida aos emergentes já são bem conhecidos, como a maior resistência à crise, melhor resposta às ações de governo e mercado interno pouco endividado e em expansão. O Brasil, em particular, se beneficia de sua exposição direta à China, que continua reafirmando previsão de crescimento de 8% em 2009.

Durante a semana encerrada no dia 20, todos os fundos de ações emergentes levantaram US$ 2,46 bilhões. A EPFR Global frisa que, desde a segunda semana de maio, quando esse influxo ganhou fôlego, os emergentes já receberam mais de US$ 21 bilhões.

Entre os quatro grandes grupos emergentes, os Fundos da Ásia (ex-Japão) captaram a maior quantia durante a semana. Foram US$ 933 milhões. Mas a valorização das commodities no período deu algum destaque para os Fundos de Ações da América Latina, que receberam US$ 587 milhões. No ano, esse grupo, no qual o Brasil é líder, já levantou US$ 3,2 bilhões. Em termos de percentual sobre ativos gerenciados, isso coloca os fundos da América Latina em primeiro lugar entre todos os emergentes. 

Os diversificados Mercados Emergentes Globais (GEM, na sigla em inglês) registram influxo de US$ 898 milhões, elevando o montante captado em 2009 para US$ 10,6 bilhões. Mais modestos, os Emergentes da Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês) ganharam US$ 41 milhões, mas ainda perdem US$ 988 milhões no acumulado de 2009.

Já o desempenho dos fundos de ações voltados para os mercados desenvolvidos continua sofrível. Os Fundos de Ações dos Estados Unidos, Europa e Japão já perderam US$ 14,1 bilhões nas últimas 11 semanas, trazendo o total sacado no ano para US$ 54,4 bilhões. "Enquanto os emergentes atraem recursos dos money market funds, os desenvolvidos são deixados ao relento", resume a EPFR Global. 

Na terceira semana de maio, as retiradas oscilaram entre US$ 59 milhões dos Fundos de Ações do Japão, a US$ 2,98 bilhões dos Fundos de Ações da Europa. No caso europeu, alguns fundos de índice (ETF, na sigla em inglês) da Alemanha responderam por mais de 80% das perdas. 

Entre os fundos setoriais, a perda de valor do dólar criou espaço para que os fundos de Commodities marcassem a 11ª semana consecutiva de captação, elevando o total recebido nesse período para US$ 2,54 bilhões. Mas, no geral, a movimentação de recursos mostrou investidores mais cautelosos, enviando dinheiro para os setores de Saúde/Biotecnologia, e Bens de Consumo, e sacando dos veículos expostos a Finanças e Imóveis/Construção.

Na renda fixa, todos os fundos de bônus acompanhados tiveram captação líquida de US$ 3 bilhões, com as categorias Alto Retorno, EUA e Emergentes ganhando dinheiro novo.

(Eduardo Campos | Valor Online)

Fonte: Valor Online

22/05/2009 16:44

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