quinta-feira, 14 de maio de 2009

General Mills vende Forno de Minas a fundador da marca

César Felício e Lílian Cunha, de Belo Horizonte e São Paulo
14/05/2009
 

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O empresário mineiro Helder Mendonça, dono da Laticínios Condessa, anunciou ontem a compra da fábrica de pão de queijo Forno de Minas, do grupo americanoGeneral Mills. Com isso, a marca criada em 1990 volta a ser da família fundadora. O negócio aconteceu com rapidez surpreendente. Entre o fechamento da fábrica em Contagem (MG) no dia 17 de abril pela General Mills e a conclusão das negociações se passaram apenas vinte dias. Não houve processo de "due dilligence" e a unidade foi vendida com todos os equipamentos e estoques. Inclusive para a fabricação da massa fresca Frescarini, cuja marca não foi vendida pelos americanos.

Há indícios de que desde o início a General Mills queria vender a marca para os antigos proprietários. "Recebi um telefonema na véspera do feriado de Tiradentes, de um advogado da Mills nos Estados Unidos, me relatando o fechamento da unidade e perguntando se teríamos interesse", conta Mendonça. "Não tivemos nem oportunidade de fazer uma proposta, dada a rapidez do negócio", comentou o executivo de outra empresa interessada na aquisição.

Nem Mendonça, nem a General Mills revelam o valor da negociação, mas há indícios de que o mineiro irá pagar muito barato: em 1999, a fábrica foi vendida para a americana Pillsbury ( adquirida pela atual vendedora dois anos depois) por um valor estimado em R$ 80 milhões. Agora, o empresário pretende buscar um financiamento de R$ 55 milhões no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), para todo o processo de recolocação do produto no mercado, abarcando desde o capital de giro até gastos com marketing. Fontes do mercado estimam que a compra da unidade tenha ficado abaixo de R$ 20 milhões.

Na segunda-feira, o empréstimo pedido será examinado pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial ( Indi), a autarquia do governo do Estado que usualmente examina e encaminha projetos para o banco estatal. "Tive uma reunião com o vice-governador Antonio Anastasia, que serviu para nos abrir as portas. Temos todas as garantias para oferecer e um plano de negócios já concluído. Tenho certeza que o financiamento sairá", disse Mendonça. "É oportuna uma iniciativa que possibilita manter em Minas Gerais uma importante indústria de alimentos. Estamos prontos para ajudar. Mas qualquer projeto deste porte passa por uma análise normal, tanto do montante pedido quanto do modelo de operação proposto, o que demandará tempo de estudo", comentou o presidente do BDMG, Paulo Paiva.

Mendonça afirma que já pagou uma primeira parcela para a General Mills, mas o pagamento só será concluído em 2014. O empresário afirma que manterá a marca Frescarini nos próximos três meses, devendo substituí-la por uma nova denominação depois deste prazo.

Para arcar com o investimento, Mendonça pretende se desfazer de parte dos ativos adquiridos com a negociação em 1999: por meio da holding MK Empreendimentos, o empresário controla uma empresa de parqueamento eletrônico. Também venderá participações minoritárias que detém em shoppings. Manterá o Laticínio Condessa, que permaneceu como fornecedor da Forno de Minas após a venda da fábrica e que exporta queijo para os Estados Unidos.

A reabertura da fábrica está prevista para o dia 25 e os 350 funcionários que haviam sido demitidos pela General Mills no fechamento da unidade serão recontratados. Mendonça prevê que o faturamento deste ano atingirá R$ 110 milhões, sendo R$ 70 milhões no segmento de pão de queijo e R$ 40 milhões de massas frescas.

Procurada pelo Valor, a General Mills não quis se pronunciar. Apenas divulgou nota em que confirma o negócio. De acordo com o comunicado, a General Mills continuará a operar no Brasil as marcas Haagen-Dazs, de sorvetes, e Nature Valley, de barras de cereais. A Frescarini, criada pela Danone nos anos 80 (e vendida para a General Mills em 1996), deverá desaparecer. Empresas tentaram negociar a compra da marca, mas a General Mills não demonstrou interesse. A linha era produzida na Argentina até o início de 2008, quando a fábrica pegou fogo. A empresa, então, transferiu a produção para Contagem, quatro meses depois. Nesse período, a marca sumiu dos supermercados, voltando apenas em agosto. Agora, os consumidores da linha terão mais alguns meses para se despedir da marca, que já foi a mais vendida do setor.

Fonte: Valor Online

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