quarta-feira, 15 de abril de 2009

Índice cai às vésperas de opções e futuro

Após uma rápida valorização das ações brasileiras nos primeiros pregões de abril, o vencimento do Ibovespa futuro, amanhã, e o exercício de opções na semana que vem fizeram com que o Ibovespa sucumbisse a um movimento de realização de lucros. A divulgação das vendas no varejo nos Estados Unidos em março, com queda de 1,1%, ante expectativas de um avanço de 0,30%, que sinalizaria a continuidade da reação do consumo esboçada nos meses anteriores, foi o mote para que as vendas predominassem nas bolsas. A deflação de 1,2% registrada pelo índice de preços ao produtor (PPI, em inglês) também ficou acima do previsto, arrefecendo a tese de que a maior economia do planeta começaria a dar indícios de recuperação. O tom otimista dos discursos do presidente dos EUA, Barack Obama, e do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, ficou restrito mesmo só à oratória.
No fim dos negócios, o Ibovespa acompanhou as movimentações de Wall Street e recuou 1,25%, aos 45.418 pontos. Com a volta dos investidores europeus do feriado prolongado de Páscoa, o giro também engrossou por aqui e alcançou R$ 5,355 bilhões, sinal de presença do estrangeiro no pregão. A média de abril está em R$ 4,781 bilhões.

Os papéis da Petrobras e da Vale, além das siderúrgicas e dos bancos Itaú Unibanco e Banco do Brasil, centralizaram as movimentações, respondendo por 37% do volume total, mas as vendas também se espalharam por papéis de segunda linha, que vinham sendo favorecidos pela boa onda compradora. A maior queda do dia entre os papéis do Ibovespa foi das preferenciais (PN, sem voto) da Duratex (-5,02%), seguida pelas ordinárias (ON, com voto) da Perdigão (-4,89%). Itaú Unibanco PN perdeu 4,68%. O banco confirmou o fechamento das 135 lojas da financeira Taií. Após a fusão dos dois bancos, a expectativa era de que o conglomerado privilegiasse a marca Fininvest, do Unibanco, há mais tempo consolidada no mercado.
Contra o desempenho das siderúrgicas pesou a revisão das estimativas de lucros e de geração de caixa para as companhias brasileiras feita pelo UBS. Com a previsão de que as vendas domésticas caiam 19% e as exportações tenham queda de 35% neste ano, a instituição avalia que as ações estão longe de representar barganhas, sendo negociadas com prêmios em relação aos pares globais. Mas os preços-alvos de R$ 40,00 para CSN ON, R$ 18,50 para Gerdau PN, e, de R$ 32,00 para Usiminas PNA ainda embutem ganhos. Ontem os papéis fecharam cotados a R$ 38,50, R$ 15,35 e R$ 30,80, respectivamente. Fora do índice, Usiminas PNB, que andava defasada em relação às classes ON e PNA, subiu 67,49%, para R$ 31,32, com apenas dois negócios.
Para o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora, as siderúrgicas brasileiras ainda são interessantes para carteiras de médio e longo prazos, mas a questão é que os papéis tiveram valorizações muito fortes num curto espaço de tempo, tornando o setor mais suscetível a realizações de lucros. Embora seja factível pensar que o Brasil pode sair primeiro da crise, o comportamento das ações das fabricantes de matérias-primas como um todo ficará vinculado aos indicadores da economia chinesa, afirma ele. A divulgação do PIB chinês relativo ao primeiro trimestre, hoje, além de dados de inflação, vendas no varejo e produção industrial têm o potencial de mexer com os ânimos. Para o bem ou para o mal.

Bancos e varejo
Para o setor financeiro, foi a Itaú Corretora que rebaixou a recomendação para "underweight" (alocação abaixo do peso do mercado). Com a troca de comando no Banco do Brasil e as pressões do governo para que a instituição federal force o recuo dos spreads (a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada dos tomadores) no mercado, a percepção é de que o segmento pode ter suas margens apertadas. Em contrapartida, a casa aumentou para "overweight" (acima do peso do mercado) as ações de B2W ON e da Lojas Renner ON, pela interpretação de que pode haver maior disponibilidade de crédito para os consumidores. Banco do Brasil ON avançou 1,54% e Bradesco PN perdeu 3,36%. Já a empresa de comércio eletrônico fechou com valorização de 2,05%, enquanto Lojas Renner recuou 1,25%.
Nos EUA, o bons resultados do Goldman Sachs, de US$ 1,181 bilhão no trimestre, ou US$ 3,39 por ação - acima da projeção de US$ 1,60 - foram neutralizados pelo anúncio de um aumento de capital de US$ 5 bilhões para devolver os recursos tomados junto ao Tesouro americano. Isso naturalmente provocará a diluição dos acionistas que não acompanharem a oferta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário