30/04/09 - 18h26
InfoMoney
SÃO PAULO - Mais do que um rali de oito semanas que garantiram ao Ibovespa o posto de melhor investimento pelo segundo mês seguido, o principal índice da BM&F Bovespa, com a valorização de 15,5% acumulada em abril, teve seu melhor desempenho mensal desde fevereiro de 2005.
A percepção de que o pior da crise financeira ficou efetivamente para trás encontrou fomento em indicadores econômicos acima das projeções pessimistas (e que reduzem o ritmo de deterioração), resultados corporativos melhores do que o esperado e sinalização de um horizonte mais alentador pelas autoridades.
Muito se questiona sobre o fundamento do rali das bolsas em âmbito global. A crise ainda persiste: o mercado de crédito demora a mostrar sinais de recuperação e as economias centrais, se não em recessão, passam por forte desaquecimento. Se a precificação das evidências de melhora no cenário econômico é exagerada, só o tempo irá dizer.
Por sua vez, a aplicação em ouro - pouco difundida no Brasil, porém bastante interessante em períodos nos quais se procura a preservação de capital - se mostrou a pior escolha pelo segundo mês seguido. Em abril, a cotação da commodity na BM&F Bovespa acumulou desvalorização nominal de 6,94%, atingindo R$ 62,35.
O que foi visto
Abril já começou com o agito das medidas de estímulo contabilizadas em US$ 1,1 trilhão e maior regulação anunciada pelo G20 ao final de seu encontro. A sinalização de que a crise passa por um ponto de inflexão e que adiante veremos melhora teve escopo em declarações de importantes figuras como Barack Obama e Ben Bernanke. A resposta do mercado de commodities - carro-chefe das principais blue chips brasileiras - foi satisfatória. Ao fim do mês, a gripe suína viria conter, mas não reverter, o otimismo.
No que se refere à temporada externa de resultados corporativos do primeiro trimestre, o temor com os impactos da crise cedeu espaço ao bom humor à medida que as empresas reportavam seus números, que, no geral, surpreenderam positivamente. Até mesmo os bancos norte-americanos, protagonistas das tensões dos últimos meses, agradaram no geral. Os rumores sobre o resultado do teste de estresse promovido pelo Tesouro dos EUA por ora injetavam mais ânimo, por ora preocupavam. Por ora, são rumores: o resultado efetivo está agendado para a próxima semana.
Se os resultados corporativos agradaram, quando se fala dos indicadores econômicos, é preciso maior ressalva. Quando acima do esperado, logo se lembra que as projeções estão tomadas pelo pessimismo. Os próprios patamares, mostrando alguma melhora ou não, estão em marcas históricas. O alento veio de sinais que a deterioração econômica perde força.
No Brasil, o cenário econômico trouxe inflação comportada, projeções e resultados pouco animadores para o setor industrial, otimismo com o programa habitacional do governo, ampliação da flexibilização do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e redução do superávit primário em 2009 e 2010. Neste contexto, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) reduziu o ritmo do afrouxo monetário ao reduzir em abril a Selic em 100 pontos-base, agora em 10,25% ao ano.
A Petrobras, manchete por ser excluída do cálculo do superávit, contou ainda com novas descobertas e recorde de produção. Já a Vale foi relacionada à flexibilização dos contratos de longo prazo, corte de produção e o velho impasse sobre o reajuste dos contratos de minério de ferro. Ainda na cena corporativa, teve grande repercussão a saída de Antônio Francisco de Lima Neto da presidência do Banco do Brasil, com grande influência política.
Rossi e Cemig nas pontas do Ibovespa
Se recuperando do fraco desempenho dos últimos meses, a Rossi Residencial (RSID3) despontou entre os destaques de valorização do Ibovespa. Flexibilização monetária e prognóstico favorável frente ao programa habitacional do governo foram ao encontro do anúncio da empresa de maior exposição ao segmento econômico. Em abril, as ações subiram 104% e ficaram em R$ 7,55.
No outro extremo aparecem as ações da Cemig (CMIG4), que dentre os 65 papéis que compõem a carteira teórica do Índice Bovespa, foram de forma disparada as de pior performance em abril. Com queda de 18,33%, as ações preferenciais da companhia atingiram R$ 26,65. Além de reajustes nas tarifas de energia aquém das expectativas do mercado, também pesaram contra dados de consumo de energia e a aquisição da Terna Participações, cara ao ver de analistas.
Câmbio
O mesmo cenário mais otimista - consequentemente de maior tomada de risco - que guiou a renda variável pode servir de justificativa ao comportamento do mercado cambial. Com atuação moderada do Banco Central, o dólar fecha abril com acentuada desvalorização frente ao real.
A moeda norte-americana, medida pela Ptax calculada pelo Banco Central, teve queda nominal de 5,91% no mês, ficando em R$ 2,1783 na venda. Por sua vez, o dólar comercial desvalorizou-se 5,58% e chegou a R$ 2,183.
Renda fixa
A segurança oferecida pela renda fixa encontrou contraposto nos ganhos atrativos da renda variável. Quem aplicou em CDBs pré-fixados de 30 dias obteve um ganho bruto médio de 0,8% no mês, o que corresponde a uma rentabilidade de 0,95% em termos reais.
O CDI, por sua vez, rendeu 0,84% em abril em termos nominais, ou 0,99% quando se pondera a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) no período.
Confira na tabela abaixo a rentabilidade dos principais investimentos:
A percepção de que o pior da crise financeira ficou efetivamente para trás encontrou fomento em indicadores econômicos acima das projeções pessimistas (e que reduzem o ritmo de deterioração), resultados corporativos melhores do que o esperado e sinalização de um horizonte mais alentador pelas autoridades.
Muito se questiona sobre o fundamento do rali das bolsas em âmbito global. A crise ainda persiste: o mercado de crédito demora a mostrar sinais de recuperação e as economias centrais, se não em recessão, passam por forte desaquecimento. Se a precificação das evidências de melhora no cenário econômico é exagerada, só o tempo irá dizer.
Por sua vez, a aplicação em ouro - pouco difundida no Brasil, porém bastante interessante em períodos nos quais se procura a preservação de capital - se mostrou a pior escolha pelo segundo mês seguido. Em abril, a cotação da commodity na BM&F Bovespa acumulou desvalorização nominal de 6,94%, atingindo R$ 62,35.
O que foi visto
Abril já começou com o agito das medidas de estímulo contabilizadas em US$ 1,1 trilhão e maior regulação anunciada pelo G20 ao final de seu encontro. A sinalização de que a crise passa por um ponto de inflexão e que adiante veremos melhora teve escopo em declarações de importantes figuras como Barack Obama e Ben Bernanke. A resposta do mercado de commodities - carro-chefe das principais blue chips brasileiras - foi satisfatória. Ao fim do mês, a gripe suína viria conter, mas não reverter, o otimismo.
No que se refere à temporada externa de resultados corporativos do primeiro trimestre, o temor com os impactos da crise cedeu espaço ao bom humor à medida que as empresas reportavam seus números, que, no geral, surpreenderam positivamente. Até mesmo os bancos norte-americanos, protagonistas das tensões dos últimos meses, agradaram no geral. Os rumores sobre o resultado do teste de estresse promovido pelo Tesouro dos EUA por ora injetavam mais ânimo, por ora preocupavam. Por ora, são rumores: o resultado efetivo está agendado para a próxima semana.
Se os resultados corporativos agradaram, quando se fala dos indicadores econômicos, é preciso maior ressalva. Quando acima do esperado, logo se lembra que as projeções estão tomadas pelo pessimismo. Os próprios patamares, mostrando alguma melhora ou não, estão em marcas históricas. O alento veio de sinais que a deterioração econômica perde força.
No Brasil, o cenário econômico trouxe inflação comportada, projeções e resultados pouco animadores para o setor industrial, otimismo com o programa habitacional do governo, ampliação da flexibilização do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e redução do superávit primário em 2009 e 2010. Neste contexto, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) reduziu o ritmo do afrouxo monetário ao reduzir em abril a Selic em 100 pontos-base, agora em 10,25% ao ano.
A Petrobras, manchete por ser excluída do cálculo do superávit, contou ainda com novas descobertas e recorde de produção. Já a Vale foi relacionada à flexibilização dos contratos de longo prazo, corte de produção e o velho impasse sobre o reajuste dos contratos de minério de ferro. Ainda na cena corporativa, teve grande repercussão a saída de Antônio Francisco de Lima Neto da presidência do Banco do Brasil, com grande influência política.
Rossi e Cemig nas pontas do Ibovespa
Se recuperando do fraco desempenho dos últimos meses, a Rossi Residencial (RSID3) despontou entre os destaques de valorização do Ibovespa. Flexibilização monetária e prognóstico favorável frente ao programa habitacional do governo foram ao encontro do anúncio da empresa de maior exposição ao segmento econômico. Em abril, as ações subiram 104% e ficaram em R$ 7,55.
No outro extremo aparecem as ações da Cemig (CMIG4), que dentre os 65 papéis que compõem a carteira teórica do Índice Bovespa, foram de forma disparada as de pior performance em abril. Com queda de 18,33%, as ações preferenciais da companhia atingiram R$ 26,65. Além de reajustes nas tarifas de energia aquém das expectativas do mercado, também pesaram contra dados de consumo de energia e a aquisição da Terna Participações, cara ao ver de analistas.
Câmbio
O mesmo cenário mais otimista - consequentemente de maior tomada de risco - que guiou a renda variável pode servir de justificativa ao comportamento do mercado cambial. Com atuação moderada do Banco Central, o dólar fecha abril com acentuada desvalorização frente ao real.
A moeda norte-americana, medida pela Ptax calculada pelo Banco Central, teve queda nominal de 5,91% no mês, ficando em R$ 2,1783 na venda. Por sua vez, o dólar comercial desvalorizou-se 5,58% e chegou a R$ 2,183.
Renda fixa
A segurança oferecida pela renda fixa encontrou contraposto nos ganhos atrativos da renda variável. Quem aplicou em CDBs pré-fixados de 30 dias obteve um ganho bruto médio de 0,8% no mês, o que corresponde a uma rentabilidade de 0,95% em termos reais.
O CDI, por sua vez, rendeu 0,84% em abril em termos nominais, ou 0,99% quando se pondera a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) no período.
Confira na tabela abaixo a rentabilidade dos principais investimentos:
Investimento | Abril | Real* | Março | Real** |
Ibovespa | +15,55% | +15,72% | +7,18% | +7,98% |
CDI*** | +0,84% | +0,99% | +0,89% | +1,64% |
CDB **** | +0,80% | +0,95% | +0,88% | +1,63% |
Poupança | +0,55% | +0,70% | +0,64% | +1,39% |
Ouro | -6,94% | -6,80% | -4,29% | -3,58% |
Dólar Ptax | -5,91% | -5,77% | -2,66% | -1,93% |
IGP-M | -0,15% | -0,74% |
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