segunda-feira, 9 de março de 2009

Resultado do PIB pode trazer corte de juros superior a 1 p.p., dizem economistas

A divulgação do IBGE deve determinar o tamanho da queda da Selic, que já é unanimidade no mercado

por Lilian Sobral
Que os juros brasileiros vão ser reduzidos esta semana, o mercado já concordou. A dúvida fica sobre quão grande deve ser esta queda, caso o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro mostre uma contração muito grande. 

“A decisão [de reduzir a Selic] não está tão difícil, porque a expectativa de inflação está melhor, o que abre espaço para o corte”, diz Silvio Campos, economista-chefe do Banco Schain. Para ele, o câmbio era outro fator que impedia a redução da Selic, mas já não há uma preocupação tão grande com as oscilações da moeda norte-americana. “Claro que o BC vai continuar monitorando, mas o tempo já mostrou que o câmbio não causou tanto impacto na inflação”, diz. 

Antes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) divulgar o PIB brasileiro no quarto trimestre, o boletim Focus mais recente, divulgado nesta segunda-feira (09/03) pelo Banco Central, mostra expectativas de um corte de 1 ponto percentual na taxa Selic, que passaria de 12,75% para 11,75% ao ano. Economistas acreditam que este corte pode se mostrar maior, dependendo dos dados da economia brasileira. 

Para Luiz Otávio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, se a queda do PIB for de 3% em relação ao terceiro trimestre, o corte na Selic será mais profundo. “Neste caso, uma redução de 1,5 ponto percentual é piso”, diz. Segundo ele, o dado do IBGE pode mostrar uma fragilidade do Brasil maior do que a esperada. “Isto significa que a reconstrução da economia do país vai sair mais cara”, diz. 

Roberto Luis Troster, sócio da Integral Trust, espera um corte de 1,25 ponto percentual. Para ele, outro fator que deve influenciar o Copom (Comitê de Política Monetária) é o IPCA (Índice de preços ao consumidor amplo) de fevereiro, que será divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira. Pelo Focus, a inflação deve ser de 0,52%, e Troster projeta uma alta de 0,50%. “O governo corre o risco de ter PIB negativo e inflação abaixo da meta, por isto é necessário ser menos parcimonioso”, diz. 

Segundo Troster, quando a economia voltar a aquecer e a inflação começar a ficar muito baixa, pode ser a hora de retornar ao ciclo de cortes. Enquanto isto, a expectativa é de que a Selic chegue ao final do ano abaixo dos 10%. 

O Copom inicia sua segunda reunião do ano nesta terça-feira (10/03). A nova taxa básica de juros será conhecida na quarta-feira (11/03), após o encerramento do pregão na Bovespa. Já o PIB será divulgado pelo IBGE nesta terça-feira, às 9 horas.

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