terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Porsche lucra mais com opções do que com venda de carros

Os fundos hedge ganharam mais munição para suas queixas legais contra a Porsche depois que a fabricante alemã de carros esportivos revelou que ganhou quase 400 milhões de euros (US$ 514 milhões) com apostas em várias "blue chips" alemãs, além dos controvertidos negócios com opções da Volkswagen (VW) no ano passado.
Holger Härter, diretor financeiro da Porsche, disse recentemente que a empresa ganhou 392 milhões de euros em liquidez em seu ano fiscal de 2007-08, com negócios com opções - contratos que dão o direito de comprar ou vender um ativo, numa data estabelecida, a um prazo pré-determinado - de empresas que fazem parte do Índice Dax, de empresas "blue chips" alemãs.
Härter disse em uma assembleia de acionistas da Porsche em janeiro: "Também arranjamos opções de ações para gerar liquidez. As ações subjacentes eram referentes a companhias do Dax e não à Volkswagen".
A revelação, que ficou clara a partir de transcrições da assembleia anual da semana passada, questionou as alegações da Porsche de que seus negócios com opções da VW foram motivados pela lógica industrial, uma vez que ela formou uma participação na maior montadora da Europa.
Em 2008, a Porsche teve lucro de 6,8 bilhões de euros com negócios com opções da VW e um lucro de cerca de 1 bilhão de euros com as vendas de carros esportivos. A Porsche disse que usou os negócios para gerar liquidez livre de juros, explorando pequenas diferenças de preços entre as opções.
A Porsche desencadeou um aumento extraordinário no preço das ações da VW em outubro, quando revelou que controlava, por meio de posições diretas e opções, 74% da montadora. Era uma participação muito maior que o mercado imaginava. Os negócios provocaram grandes perdas aos fundos hedge e outros investidores que haviam feito apostas na queda dos preços das ações da VW.

Alguns desses "hedge funds" entraram com queixas legais contra a Porsche em várias cortes de Justiça da Alemanha, alegando que suas atividades de negócios com títulos na Volkswagen foram contra os estatutos da própria companhia, o que a Porsche nega. A Bafin, agência reguladora do mercado financeiro alemão, está investigando possíveis manipulações de mercado nos preços das ações da VW. A Porsche vem negando todas as afirmações de que manipulou os preços das ações da Volkswagen.
Promotores públicos da Alemanha não decidirão se vão lançar uma investigação formal sobre as queixas dos fundos hedge, enquanto a Bafin não terminar sua investigação.
Wendelin Wiedeking, presidente-executivo da Porsche, disse que a companhia simplesmente usou os derivativos para se proteger contra uma alta nos preços das ações da Volkswagen. Ele disse: "Não somos especuladores; nunca fomos e nunca vamos querer ser". Entretanto, analistas disseram que os negócios com as opções da VW e a revelação de novos negócios com outras ações do índice Dax fizeram de fato a Porsche parecer uma especuladora.


A Porsche assumiu o controle da Volkswagen quando elevou sua participação para mais de 50% em janeiro, e ela pretende aumentar sua fatia para 75% este ano. A fabricante de carros esportivos está discutindo com bancos o refinanciamento de um empréstimo sindicalizado de 10 bilhões de euros que vence no fim de março.
Härter disse recentemente que as negociações vão bem, mas alguns dos bancos envolvidos disseram que a Porsche terá de pagar juros pesados no futuro se a concessão do empréstimo for ampliada.

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