terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Petrobras tem condições de bancar investimentos, afirma Gabrielli | 26.01.2009 | 20h22

Para a diretoria da estatal, críticas ao plano para os próximos cinco anos são "míopes"
 
PORTAL EXAME  Em uma teleconferência com analistas que tomou praticamente toda a tarde desta segunda-feira (26/1), a diretoria da Petrobras procurou desfazer a má recepção do mercado ao plano de investimentos para o período de 2009 a 2013, que prevê 174,4 bilhões de dólares - cifra 55% maior que a do plano anterior, elaborado para o período de 2008 a 2012. Os primeiros relatórios de corretoras e bancos afirmaram que o plano é "agressivo" demais, no atual cenário de crise econômica. Os analistas também se preocupam com o aumento do nível de endividamento da companhia, já que o fluxo de caixa não deve bastar para cumprir os projetos. Para a empresa, o plano é exeqüível. "Dadas as circunstâncias de custos altos e preços baixos, vamos buscar condições de financiar os projetos sem afetar o investment grade", afirmou o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.

Segundo Gabrielli, há muita margem de manobra para a estatal cumprir seus objetivos sem comprometer sua saúde financeira. Primeiro, porque a empresa elaborou o plano de investimento tomando os custos dos projetos pelo maior valor que alcançaram nos últimos anos - isto é, os vigentes no terceiro trimestre de 2008. Depois, porque a empresa considerou um fluxo de caixa conservador, baseado nas menores projeções para o preço do petróleo para os próximos anos. Nesse caso, a empresa projeta um preço médio de 58 dólares por barril neste ano, subindo gradualmente para 74 dólares em 2012, e voltando a um patamar de 60 dólares em 2014. Quando se cruza as expectativas de cotação com as projeções de vendas da Petrobras para esse período, a companhia seria capaz de contar com um fluxo de caixa de 148,6 bilhões de dólares.

Para completar os recursos e atingir os 174,4 bilhões de dólares previstos no plano, a empresa teria de recorrer ao mercado. Isso elevaria sua alavancagem (o percentual de dívida sobre recursos próprios) para 35% no ponto máximo do período, segundo o diretor financeiro, Almir Guilherme Barbassa. No plano anterior, de 2008 a 2012, a alavancagem era de 20%. Para o executivo, o aumento das dívidas não deve preocupar. Ele cita outro indicador para mostrar que a estatal tem condições de se endividar: a relação dívida líquida sobre ebitda (geração de caixa), que encerrou o terceiro trimestre de 2008 em 0,71. "Isso significa que precisamos de menos de um ano de caixa para pagar todas as dívidas", disse.

Pressão sobre os fornecedores

Outra medida que deve colaborar para o cumprimento das metas é a maior pressão sobre os fornecedores. Segundo Gabrielli, como os custos foram projetados pela máxima dos últimos trimestre - quando o petróleo ainda não havia sentido completamente o impacto da crise mundial, e o mercado petrolífero estava aquecido -, há muita margem para negociar. "Queremos trazer os custos para a nova realidade, e vamos usar nossa condição de grande cliente mundial", disse. Ele observou que, atualmente, a Petrobras é responsável por 23% da produção mundial de petróleo em águas profundas - o que a coloca como líder dessa tecnologia.

Gabrielli afirmou, ainda, que 35% dos projetos previstos para os próximos cinco anos encontram-se nas fases iniciais de elaboração, como estudos de viabilidade e projetos conceituais. Segundo o executivo, as equipes serão orientadas a racionalizar ao máximo esses projetos, a fim de gerar economias para as fases posteriores. Para os investimentos que se encontram em fases mais adiantadas - como a de obra -, ele afirma que ainda pode renegociar alguns contratos.

A Petrobras já assegurou a maioria dos recursos necessários para 2009 e 2010. Neste ano, a estatal deve investir 18,10 bilhões de dólares. O BNDES garantiu 12,5 bilhões para a empresa. Outros 2,5 bilhões virão de linhas de pré-financiamento aprovadas em 2008. Restarão 5 bilhões de dólares, que devem ser captados no mercado por meio da emissão de debêntures. Em 2010, a companhia pretende investir 18,9 bilhões, dos quais já conta com 10 bilhões oriundos do BNDES. "Não é a indústria do petróleo que está com problemas; são os bancos. Por isso, temos de assegurar o financiamento nestes dois anos", disse Gabrielli.

As ações da Petrobras operaram em queda durante toda a manhã desta segunda. Após o almoço, inverteram a direção e fecharam em alta. As ações preferenciais (PETR4, sem direito a voto) subiram 0,46%, a 23,70 reais. Já as ordinárias (PETR3, com direito a voto) avançaram 0,24%, para 28,31 reais. O desempenho, porém, ficou abaixo do Ibovespa, que terminou o dia em 38.509 pontos, uma alta de 0,99%.

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