terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ações da Petrobras sobem depois do anúncio de plano

O plano estratégico da Petrobras prevendo investimentos de US$ 174,4 bilhões até 2013 foi recebido com espanto por analistas do mercado financeiro. Os valores foram mais audaciosos do que as expectativas mais otimistas. Contrariando a maioria das previsões, as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da empresa subiram 0,89%, para R$ 23,80, enquanto as preferenciais (PN, sem voto) tiveram alta de 1,24%, cotadas a R$ 28,59.  
Uma das mais críticas, Paula Korvasky, do Itaú, avalia que o plano estratégico é "um exercício acadêmico" que poderá ser mudado dependendo do cenário até o fim do ano. Já o Goldman Sachs admitiu uma certa dúvida sobre a reação do mercado ontem. Os analistas, no entanto, afirmam que o plano pode tornar a Petrobras a companhia "mais bem posicionada entre as maiores produtores de petróleo do mundo para o próximo ciclo de alta de preços".  
O plano prevê financiamentos de US$ 11,9 bilhões do BNDES em 2009 e de US$ 10 bilhões em 2010 a serem pagos em 30 anos. A empresa vai captar US$ 5 bilhões junto a bancos, tendo compromisso de emitir bônus equivalentes em um prazo de dois anos, informou o diretor financeiro, Almir Barbassa. 
Além de manter os projetos das quatro grandes refinarias em Pernambuco, Maranhão e Ceará, a Petrobras vai construir uma planta de fertilizantes no país e estuda mais dois terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL). Um desses terminais é investimento garantido, informou a diretora da área de Gás e Energia, Maria das Graças Foster.  
Dos US$ 174 bilhões programados para os próximos cinco anos, US$ 28,6 bilhões serão investidos nesse ano, o equivalente a R$ 60 bilhões. A própria companhia admite que o plano é agressivo, mas entende que ele é viável. 

Segundo a Reuters, os papéis de empresas de serviços do setor de petróleo subiam ontem. As ações da italiana Saipem, maior grupo de serviços do setor de petróleo da Europa, subiram 2,16%, enquanto as da francesa Technip tiveram alta de 2,6%. Já as ações da Wellstream, fabricante de oleodutos com fábrica em Niterói (RJ) e grande fornecedora da Petrobras, subiram 12,62%. As ações da norueguesa Acergy, especializada em serviços e equipamentos submarinos, se valorizaram 3,78%.  
A Reuters informou ainda que um operador relatou rumores de que o Goldman Sachs teria elevado a meta para demanda de sondas em águas profundas entre 15% e 20%, e acrescentou a suíça Transocean à sua lista de "compras" diante do anúncio da Petrobras. 
Relatório do banco UBS Pactual assinado pelo analista Gustavo Gattass, avalia que o orçamento de investimentos é impraticável se os preços permanecerem baixos. O UBS também questiona a previsão de geração de caixa da companhia, que pode exigir mais financiamentos, algo em torno de US$ 70 bilhões. Considerando-se o atual valor de mercado, de US$ 90 bilhões, ele acredita que os números não são realistas a não ser que a empresa faça aumento de capital.  
Emerson Leite, do Credit Suisse, ponderou que para executar investimentos de US$ 174,4 bilhões tendo 35% de dívida, a Petrobras precisa que o barril de petróleo fique na média de US$ 78. A companhia informou que trabalhou com o preço médio de US$ 37 para o barril do petróleo em 2009 para chegar a uma necessidade de financiamento de US$ 18 bilhões. Para 2010, se o petróleo estiver a US$ 40, serão necessários financiamentos de US$ 18 bilhões a US$ 19 bilhões.  
O Goldman Sachs fez um dos relatórios mais otimistas sobre a Petrobras. "Acreditamos que o investidor está melhor com a Petrobras tendo que construir refinarias no Brasil em troca de receber uma posição dominante no pré-sal", diz relatório assinado por Arjun Murti. Para o banco, o Brasil é uma das regiões mais atraentes para a produção de petróleo fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, admitiu que, se os preços usados como parâmetro não se realizarem, a companhia irá rever seus planos.

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