segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Representantes do grupo Lorentzen deixam conselho da Aracruz

Pouco mais de um mês após anunciar uma perda bilionária com derivativos de câmbio, a Aracruz anunciou na sexta-feira três baixas em seu conselho de administração, todos ligados ao grupo Lorentzen, que controla o fabricante de celulose junto com os grupos Votorantim e Safra.  
Em comunicado ao mercado, a empresa informou que Haakon Lorentzen, membro titular do conselho desde 1991, Eliezer Batista, desde 1996, e Luiz Aranha Corrêa do Lago, desde 2004, renunciaram às suas cadeiras.  
Nas últimas reuniões do conselho de administração, os representantes do Lorentzen vinham se abstendo de votar, com a justificativa de que o grupo assinou um contrato de venda de suas ações à Votorantim e que, portanto, deveriam evitar que as suas decisões pudessem vir a ser contestadas por falta de legitimidade.  
Pouco antes das perdas virem à tona, a família Lorentzen estava prestes a fechar a venda de sua fatia, de 28% do capital votante da Aracruz, ao Grupo Votorantim, que também detém 28% das ações ordinárias, por R$ 2,7 bilhões.  
Também saíram os suplentes Alex Harry Haegler, Mauro Agonilha e Carlos Jürgen Temke, sendo que os dois últimos ocupavam postos nos comitês de auditoria e estratégico, respectivamente. 

Desde que anunciou as perdas, que atualizadas somam uma dívida de US$ 2,1 bilhões, a Aracruz viu o valor de suas ações preferenciais caírem 75,7%, para os R$ 2,04 registrados no fechamento do pregão de sexta-feira. Os papéis ordinários perderam 56,6% de seu valor, para R$ 3,65.  
Na semana passada, os acionistas do grupo decidiram, em assembléia, que vão entrar com uma ação judicial para tentar responsabilizar o ex-diretor financeiro e de relações com Investidores da empresa Isac Zagury pelo prejuízo nas operações com derivativos.  
Em entrevista ao Valor, Zagury afirmou que não violou as normas de política financeira da Aracruz e que o comitê de finanças - formado por um representante de cada acionista controlador - sabia das operações.  
Paralelamente, investidores internacionais da companhia entraram na semana passada com uma ação por supostos danos causados pela empresa, que teria violado as leis americanas de mercado de capitais por conta da realização de operações com os derivativos cambiais.

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