segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Dezembro deve registrar volatilidade menor

Dezembro tende a ser mais um mês com uma nuvem nebulosa sobre o mercado financeiro. As preocupações com relação à saúde financeira de bancos e empresas continuam no centro das atenções dos investidores, assim como as ações dos bancos centrais ao redor do planeta a fim de evitar uma freada ainda mais bruta no crescimento mundial. Volatilidade continua sendo a palavra de ordem do mercado neste último mês do ano e os ativos devem oscilar muito a cada novo indicador sobre a economia americana e países desenvolvidos. A boa notícia é que os analistas esperam que toda essa oscilação seja menor do que as registradas em setembro e outubro, quando a bolsa caiu 11,03% e 24,80%, respectivamente.  

No mês passado, a deterioração da economia mundial deu o tom, com o Índice Bovespa encerrando como a pior aplicação no período, pelo sexto mês consecutivo, com uma queda de 1,77%. No ano, o principal indicador da bolsa brasileira perde 42,72%. As notícias da entrada em recessão do Japão e de alguns países da Europa assombraram os investidores, sem falar na combalida economia americana. Para ajudar, foi a vez de o Citigroup assustar o mercado diante de fortes prejuízos com o "subprime". A situação, no entanto, melhorou um pouco após o anúncio de socorro do banco realizado pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). Mas as grandes montadoras mostraram que seus números estão bastante ruins e também tentam passar o chapéu para receber recursos do governo.  
Nesse contexto, os fundos formados somente por papéis da Petrobras levaram a pior, com perdas de 19,20% ano mês e de 55,65% no ano até o dia 25. O número não leva em conta, no entanto, a alta de 2,81% das ações ordinárias (ON, com direito a voto) da estatal entre os dias 26 e 28. Os investidores também foram pegos de surpresa com a notícia de a Petrobras ter recorrido à Caixa Econômica Federal (CEF) e feito um empréstimo de R$ 2 bilhões depois de ter ficado com um aperto de caixa. 

Já os fundos compostos por papéis da Vale apresentam queda de 5,66% em novembro até o dia 25 e perda de 54,19% no ano. Os dados não levam em conta, no entanto, a alta de 2,69% das ações ON da mineradora entre os dias 26 e 28. Os papéis de empresas produtoras de commodities vêm sofrendo muito por conta da expectativa de crescimento mundial menor, o que reduziria a demanda por matérias-primas.  
Diante de tantos receios e incertezas, o dólar mais uma vez se valorizou, encerrando o mês com alta de 7,18% e, no ano, acumula ganho de 30,28%. Já o ouro foi beneficiado pela subida de preços no mercado internacional e pelo dólar. O metal terminou novembro como ativo mais rentável, com valorização de 13,33% e, no ano, apresenta alta de 19,42%.  
Em dezembro, as análises sobre o tamanho e duração da crise, além das medidas para reativação das economias, tomarão a atenção dos mercados, diz o administrador de investimentos Fabio Colombo. "Os governos continuam na luta para restabelecer a normalidade e a confiança dos mercados nos sistemas financeiros", avalia ele, lembrando que a divulgação dos planos da equipe econômica do futuro governo de Barack Obama também concentrarão as atenções. Para Colombo, depois da forte queda da bolsa, o momento é de compra, mas com moderação e para quem tem visão de longo prazo. "Após as pesadas perdas ocorridas no Ibovespa desde maio, o investidor deve continuar no processo de compra gradativa de ações."  
Alguns investidores acreditam, no entanto, que pode até ocorrer o tradicional rali de fim de ano, quando os mercados costumam ter uma recuperação nos últimos pregões. Mas o cenário ainda está tão nebuloso que poucos vêm acreditando que isso poderá ocorrer. "A incerteza continuará bastante alta, talvez não naqueles níveis de setembro e outubro, quando houve a quebra do banco Lehman Brothers e havia uma enorme preocupação com o risco sistêmico, mas os bancos ainda passam por crise de confiança", afirma João Pedro Senna, sócio da gestora Capitânia. "Está todo mundo muito machucado, os fundos lá fora ou mesmo daqui, e mesmo os investidores institucionais estão com limites de risco bem moderados." 

Embora as ações tenham caído muito e a bolsa apresente muitas oportunidades, a fase de apenas "comprar bolsa" acabou, ou seja, somente comprar os papéis que compõem o Ibovespa não trará necessariamente ganhos. "Selecionar cuidadosamente os papéis ficou ainda mais importante", diz Luiz Paulo Aranha, também sócio da Capitânia. "Agora, vamos ver qual empresa vai conseguir realmente entregar resultados e não apenas surfar com o mercado em alta."  
As ações de bancos de primeira linha aparecem com destaque para quem tem apetite para risco e visão de longo prazo. Diferentemente do que ocorre lá fora, por aqui a saúde financeira dos grandes bandos continua muito bem, até porque a regulação do mercado brasileiro é muito maior. "Sem falar no esforço do governo brasileiro em manter o crédito aquecido", lembra Felipe Prata, sócio da Nest Investimentos. Mas para as empresas produtoras de commodities, o cenário não é nada animador, por conta do desaquecimento dos países mais ricos, avalia.  
Na renda fixa, os olhos se voltam para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será realizada nos dias 9 e 10. Com o mercado um pouco menos volátil em novembro em relação à outubro, os fundos de renda fixa que podem aplicar em papéis prefixados voltaram a apresentar rentabilidade média superior às dos fundos DI. E para quem não tem estômago forte para agüentar os solavancos do mercado, as taxas dos CDBs continuam altas, até mesmo para a pessoa física.

Fonte: ValorEconômico

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