terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Brascan corta em 10% o preço justo das ações da Marcopolo

Apesar da revisão, corretora vê um potencial de alta de quase 150% para os papéis da companhia

A corretora Brascan rebaixou o preço justo das ações preferenciais da Marcopolo (POMO4, sem direito a voto) de 10,21 reais por papel para 9,17 reais - um corte de 10% na projeção. A revisão foi baseada nos resultados apresentados pela empresa no terceiro trimestre, pela incorporação de novos dados macroeconômicos à análise, e pelo fraco desempenho esperado pelos analistas para as operações da Marcopolo na Rússia. Ainda assim, o novo preço justo representa um potencial de valorização de 148% sobre a cotação de fechamento dos papéis na sexta-feira (28/11)): 3,70 reais. 


Do lado macroeconômico, o ajuste efetuado pela Brascan tende a ajudar os números da empresa. Isto porque a corretora elevou de 1,73 real para 2,20 reais a taxa média de câmbio para 2009. Como 40% das receitas da fabricante gaúcha de ônibus estão atreladas ao dólar, a valorização da moeda americana é positiva. Além disso, apenas 25% dos custos sofrem impacto cambial.

Situação russa

O maior dólar médio deve compensar outro ponto revisado pelos analistas: um desempenho pior que o esperado das operações na Rússia. As duas fábricas mantidas no país devem permanecer em stand by até que a situação mundial melhore. Por isso, a Brascan estima que apenas 100 unidades sejam produzidas na Rússia em 2009. Como as fábricas são uma parceria com um sócio local - a Ruspromauto -, apenas 50 veículos serão contabilizados pela Marcopolo. A projeção original era de uma produção de 1.500 unidades no próximo ano - 750 delas para a brasileira. 

O fraco desempenho na Rússia levou a Brascan a rebaixar a expectativa de produção total da Marcopolo em 2009 para 25.952 unidades, 16,5% maior que a expectativa para 2008, mas 6,5% inferior à projeção inicial da corretora. 

O dólar médio mais alto também deve contribuir para uma leve melhoria da margem de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2009, que passaria de 9,2% em 2008 para 9,8%. 

Além da produção mais fraca que a estimada inicialmente, outro item que contribuiu para o rebaixamento do valor justo da Marcopolo foi o aumento do custo de capital, que reflete a alta das taxas de juros decorrentes da atual escassez de liquidez. O custo médio ponderado de capital (WACC, na sigla em inglês) da empresa passou de 11,2% para 12,1%, segundo a Brascan. O WACC é composto por dois fatores. O primeiro é o custo de capital de terceiros, como os bancos que concedem crédito à Marcopolo. Esse custo subiu de 9,7% para 11,5% ao ano. O segundo é o custo de capital próprio, que mede o quanto os acionistas querem de retorno médio do negócio. Essa conta subiu levemente de 14,7% para 14,8%, refletindo o aumento do risco-país de 175 pontos-base para 200 pontos. 

No terceiro trimestre, a Marcopolo apresentou lucro líquido de 25,9 milhões de reais, cifra 24% inferior aos 33,9 milhões obtidos no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, o lucro de 80,1 milhões de reais representa uma queda de 8,5%.

Fonte: Exame Online

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