quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Swing trade: meio-termo entre operações mais e menos velozes

Investidores experientes conseguem ganhar até 10% por negócio

Mariana Segala - AE

Em tempos de volatilidade, a exemplo do atual na Bolsa de Valores de São Paulo, manter uma ação na carteira por muito tempo soa como sinônimo de risco aos ouvidos dos investidores mais ativos. Para os amantes do curto prazo, uma opção menos frenética que os negócios de poucas horas (day trade), mas mais rápida que os de semanas a meses (position trade), são os swing trades.

No meio-termo, tais operações duram pelo menos dois dias, mas em geral não mais do que dez. Embora menos veloz, a técnica não é para novatos. “Ela exige conhecimentos de análise gráfica e tempo para acompanhar mercado. Quanto menor o prazo do negócio, mais importante ter disciplina e dedicação”, diz o sócio-fundador da consultoria Leadro & Stormer, Leandro Ruschel.

Estruturado com base na análise gráfica, que parte do estudo dos gráficos de cotações para inferir sobre o comportamento futuro de um papel, o swing trade pressupõe objetivos de lucro maiores que os esperados nas operações de day trade, em que o investidor compra e vende as mesmas ações no mesmo dia. “Enquanto no day trade se almeja um ganho de 1%, no swing trade o objetivo é bem mais amplo, ficando entre 5% e 10%”, afirma o sócio da consultoria Conexão BR Erich Beletti.

Por esta razão, é possível conseguir boas somas de lucro com um capital menor investido. Quem obtém ganho de 0,5% aplicando R$ 100 mil num day trade consegue, em termos absolutos, lucrar R$ 500. Se os mesmos R$ 100 resultarem em ganho de 5% num swing trade, o lucro absoluto é de R$ 5 mil. “O valor negociado pode ser a metade ou até um terço do aplicado em um day trade”, afirma Ruschel.

Ao mesmo tempo, operações de swing trade entram numa alíquota menor de recolhimento do Imposto de Renda. No day trade, não há limite de isenção – ou seja, todas as operações lucrativas estão sujeitas a IR – e a alíquota é de 20%. Nas operações que duram mais de um dia, há uma isenção nas vendas até R$ 20 mil por mês e a alíquota, caso o limite seja ultrapassado, é de 15% do lucro. Mas este não deve ser um elemento decisivo na opção pela operação mais longa, segundo os especialistas. Esperar um dia pode significar ter um prejuízo em vez de um bom negócio.

Leque de papéis

Uma vantagem do swing trade é o leque maior de papéis a negociar. Explique-se: por serem muito rápidas, os day trades exigem que o investidor se concentre apenas nas ações mais negociadas da Bolsa, para ter certeza de que haverá compradores no momento da venda. “Posso trabalhar com uma lista de 15 a 20 papéis, que registrem no mínimo mil negócios por dia”, opina Ruschel. Nas operações de alguns dias, a liquidez necessária é menor. “Meu critério inclui papéis com pelo menos cem negócios diários, num grupo de cerca de 100 a 120 papéis”, diz Ruschel. Beletti sugere que os swing traders se concentrem nas ações que movimentem a partir de R$ 5 milhões por dia.

O swing trade é, para Ruschel, a operação com o prazo que oferece a melhor relação trabalho-retorno. “O ciclo de análise e a tomada de decisão são mais lentos. O day trade exige muita dedicação e provoca um grau de estresse elevado”, opina. Nos negócios de alguns dias, é recomendado ao investidor que dê mais atenção aos gráficos de um dia das ações pretendidas. Nestes gráficos, cada barra representa o movimento do papel em um pregão. Nos day trades, os gráficos de referência são os ditos “intradays”, em que cada barra equivale, por exemplo, a um período de 15 ou 60 minutos.

Para reduzir a possibilidade de tomar prejuízo, Ruschel adotou uma estratégia de duas saídas nos seus swing trades pessoais. Primeiro, ele estabelece um objetivo mínimo de ganho – por exemplo, com a cotação de venda 3% superior à da compra. Assim que o papel atinge esse nível, Ruschel vende metade dos papéis comprados. Para a parcela que sobrou, ele fixa um stop no mesmo ponto da primeira venda. Conforme as cotações vão subindo, o stop é ajustado para cima. Mas se, de repente, a ação despencar, está garantido o ganho mínimo. “Fixo um stop de proteção de lucros”, diz.

Em operações curtas como swing trades o risco é tão grande que só vale encará-las se a chance de ganho – frente à de perda – for realmente vantajosa, opina Beletti. Não há exatamente uma regra, diz o especialista, mas a relação entre potencial de lucro e de prejuízo não deve ser inferior a 2 para 1. “Se os gráficos mostram que posso ganhar 6%, a possibilidade de perda pode ser de no máximo 3%.”

Fonte: AE Investimentos

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