quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Empresas se destacam na ponta compradora de ações


As empresas despontam como a categoria de investidor que mais aumentou a posição comprada em ações desde o agravamento da recente turbulência nos mercados financeiros.
No mês de agosto até o dia 8, as pessoas físicas venderam R$ 409 milhões e os investidores institucionais (categoria que inclui fundos e fundações) se desfizeram de R$ 596 milhões em ações na bolsa.
Em igual período, as empresas entraram comprando R$ 786 milhões, bem à frente dos estrangeiros, que adquiriram R$ 101 milhões, e dos bancos, que elevaram a posição em R$ 83 milhões.
Apesar de as empresas, na condição de investidoras, serem responsáveis por apenas 1,5% do giro da bolsa, elas garantiram 80% das compras líquidas até o dia 8.
Conforme os dados divulgados ontem pela BM&FBovespa - que disponibiliza os números com atraso de dois dias -, apenas entre sexta-feira e segunda-feira, o dia mais agudo da crise até agora, em que o Ibovespa caiu mais de 8%, as compras líquidas das companhias somaram R$ 375 milhões.
Não é possível dizer quanto desse volume está ligado à recompra das próprias ações ou se as empresas também estão adquirindo papéis de outras companhias. Esse segundo tipo de operação não é tão comum, mas acontece, sendo o exemplo recente mais evidente o da CSN, que comprou na bolsa mais de 10% do capital da Usiminas.
Em relação às recompras, existem mais de 30 companhias com programas ativos para adquirir suas próprias ações, sendo o maior deles o da Vale, no valor de até US$ 3 bilhões.
Quando essas empresas anunciaram o plano de comprar os papéis, o potencial das operações chegava a R$ 9,8 bilhões. Pela cotação de terça-feira, o montante necessário para comprar as mesmas ações caiu a R$ 7,9 bilhões.
Para empresas com caixa cheio, comprar as próprias ações serve como proteção aos acionistas que mantêm os papéis.
O retorno para os investidores pode aparecer de duas formas. Seja pela venda das ações no futuro com lucro ou pelo cancelamento dos papéis que ficam enquanto isso em tesouraria.
Com a diminuição das ações em circulação, cada acionista passa a deter uma fatia relativa maior da empresa, aumentando também o dividendo por papel.
Além do efeito prático, a recompra também serve de sinalização para o mercado de que a companhia, que em tese é a que mais conhece seus negócios, considera que as ações estão com preços atrativos para compra.
Isso vale especialmente agora, quando muitas delas estão com as ações bastante deprimidas.
Desde o início de julho, sete companhias divulgaram programas de recompra de ações: BicBanco, BHG, Cyrela, Anhanguera, CCP, Marcopolo e MRV.
As últimas duas da lista fizeram o anúncio do plano nesta semana, logo após a divulgação dos balanços referentes ao segundo trimestre. A regulamentação não permite que as empresas negociem suas próprias ações 15 dias antes da publicação dos resultados.
Como muitas empresas devem divulgar suas contas nos próximos dias, sendo que a data limite é segunda-feira, é provável que cresça a lista daquelas que vão acelerar as recompras já autorizadas ou anunciar novos programas.
A empresa de serviços de impressão e cartões Valid, que divulgou o balanço ontem, é uma das que quer aproveitar a baixa das ações para aumentar as compras, diz o diretor de relações com investidores, Carlos Afonso D'Albuquerque. A BM&FBovespa, que também divulgou seus números, disse apenas que mantém um programa consistente de recompras e distribuição de 80% a 100% dos lucros aos seus acionistas.(Colaborou Marina Falcão)
Fonte: Valor

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