sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Fundos de R$ 2 bi para óleo e gás

A movimentação em torno da indústria de petróleo e gás no Brasil não para. O Banco Santander se uniu à gestora de recursos Mare Investimentos, de Rodolfo Landim, ex-presidente da OGX e da BR Distribuidora para criar dois fundos de "private equity", num total de R$ 2 bilhões, para o setor de óleo e gás. A Mare reúne, ainda, Demian Fiocca, ex-presidente do BNDES e da Nossa Caixa, Nelson Guitti (ex- MMX e ex-BR) e Claudio Coutinho (ex-BBM e controlador do Banco CR2).
Esse grupo de sócios acredita que a experiência no setor de óleo e gás é um diferencial para atrair não só investidores mas convencer empresas interessadas em suporte e financiamento.
Marcus Matioli Vieira, diretor executivo de planejamento do Santander, adianta que o projeto é ter R$ 2 bilhões sob gestão no primeiro momento, divididos nos dois fundos de "private equity" que ainda estão em fase de estruturação. O que será voltado para investidores nacionais deverá captar entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões, enquanto o fundo para estrangeiros terá US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão.
Os dois fundos devem investir nos mesmos projetos (co-investimento), já que a maior diferença é que investidores brasileiros preferem participar mais das decisões, enquanto alguns estrangeiros não querem, explica Demian Fiocca.
"É uma área com excelentes oportunidades no Brasil, onde existem empresas muito boas mas falta capital e as empresas ou não cresceram ou foram vendidas. Nossa visão é que, com apoio, virá uma grata surpresa com a qualidade do setor", diz Vieira, do Santander.
O banco espanhol já administra dois fundos voltados para a área de energia no Brasil: o Fundo InfraBrasil, que tem R$ 1 bilhão sob gestão, com investimentos principalmente em empresas do setor elétrico (pequenas centrais hidrelétricas e energias renováveis) através da Renova Energia; e um outro chamado FIP Caixa Ambiental. Esse último está em fase de investimento, tem atualmente cerca de R$ 140 milhões e deve chegar a R$ 400 milhões, segundo informa o Santander.
Fiocca admite que o prazo é curto, mas diz que existe a possibilidade de fechar o fundo nacional no primeiro trimestre desse ano. Já existem conversas com várias empresas e negociações sobre cláusulas de saída, assim com investidores potenciais, mas isso é tudo que eles adiantam.
Rodolfo Landim explica que o grupo está analisando empresas não só de equipamentos, mas também serviços, logística e infraestrutura. Podem ainda começar do zero colocando projetos de pé. "Só não vamos investir no risco da exploração e produção de petróleo", diz o idealizador da OGX do empresário Eike Batista.
O momento que o Brasil vive e o gigantesco programa de investimentos da Petrobras evidenciam a imensa necessidade de acesso a capital que o setor terá que enfrentar nas próximas décadas. Em recente entrevista ao Valor o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, calculou que serão investidos entre US$ 624 bilhões a US$ 824 bilhões na cadeia de petróleo até 2014, considerando os US$ 224 bilhões da Petrobras previstos no atual plano estratégico e que deve aumentar no período 2011-2015, ainda não divulgado.
Isso significa que a cadeia de fornecedores terá que investir entre US$ 400 bilhões e US$ 600 bilhões para atender somente à demanda da estatal, o que equivale a algo entre US$ 80 bilhões e US$ 120 bilhões por ano. Demian Fiocca cita esses números e o contexto favorável, sem similar no mundo, para mostrar que existem poucas oportunidades de se encontrar uma demanda desse tamanho em qualquer lugar do planeta hoje.
Também por isso vê espaço para concorrência de outros fundos de "private equity" no setor de óleo e gás, já que o desafio de suprir as necessidades da indústria por capital é enorme e dá espaço para todo mundo.
Fonte: Valor

Nenhum comentário:

Postar um comentário