quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ouro, ’na maior das bolhas’ para Soros, sobe com mineradoras

Londres - Dos US$ 142,8 bilhões que ele administrava como presidente do Sistema de Aposentadoria dos Funcionários Públicos da Califórnia (Calpers) em 2002, James Burton não havia colocado um centavo em ouro. E por que ele faria isso? Há duas décadas, o metal estava em fase de baixa no mercado.
Mas logo que anunciou que se aposentaria do comando do maior fundo de pensão dos Estados Unidos, Burton concordou em ir a Londres para discutir uma proposta de emprego vinda de uma associação de mineradoras. Enquanto caminhava com sapatos alugados por um campo de golfe encharcado em junho de 2002, ele ouviu o que soava como uma ideia de outro mundo: vender ouro como investimento às massas.
Era hora de convencer investidores a comprar um metal precioso que eles vinham ignorando há uma geração, disse a ele o novo presidente do Conselho Mundial de Ouro, Christopher Thompson, naquele dia. O segredo era transformar barras de ouro em instrumentos negociáveis na Bolsa de Nova York. Ele queria que Burton liderasse a iniciativa, em parte por causa de suas ligações com investidores institucionais. Na ocasião, a onça era negociada a cerca de US$ 328 no mercado londrino.
“Eu estava convencido de que havia um mercado para o homem comum”, disse Thompson, 62 anos, que na época também presidia o conselho da Gold Fields Ltd., de Joanesburgo.
US$ 1.431,25 a onça
Thompson ganhou a partida de Burton no décimo sétimo buraco, convencendo-o a aceitar o emprego como presidente do Conselho Mundial do Ouro. O que os dois fizeram em seguida mostra o papel que as mineradoras desempenharam na maior valorização do ouro em pelo menos 90 anos, com a onça atingindo US$ 1.431,25 em 7 de dezembro.
Sob a liderança deles, um fundo estabelecido pelo Conselho Mundial do Ouro, que inclui produtoras como Barrick Gold Corp. E Newmont Mining Corp., recebeu aprovação da comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos - a SEC, na sigla em inglês - para oferecer um produto garantido por ouro e negociado em bolsa. O instrumento daria aos investidores acesso ao ouro sem o custo e os obstáculos à entrega física do metal.
O fundo, SPDR Gold Trust (pronuncia-se spider, ou aranha, em inglês), agora detém 1.299 toneladas de ouro avaliadas em cerca de US$ 57 bilhões, mais do que o banco central da Suíça. Entre os investidores, estão a Universidade de Notre Dame, o fundo de aposentadoria dos professores do Estado americano do Texas e um rol de titãs de fundos de hedge e administradores de fundos como John Paulson, da Paulson & Co., Laurence Fink, da BlackRock Inc., e George Soros, do Soros Fund Management LLC.
Maiores fundos
Globalmente, os 10 maiores fundos desse tipo detêm em conjunto 2.113 toneladas de ouro, mais do que as reservas oficiais acumuladas por todos os países exceto Estados Unidos, Alemanha, Itália e França.
A popularidade desses fundos ajudou a embalar ganhos sem precedentes no metal precioso. Algumas pessoas, incluindo analistas do Goldman Sachs Group Inc., dizem que o ouro pode subir ainda mais.
Soros, que ganhou US$ 1 bilhão apostando contra a libra esterlina em 1992, disse que o ouro estava na “maior das bolhas” durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, em janeiro, quando a onça estava em US$ 1.087,10. Hoje, às 13h04, a onça estava em US$ 1.400,55. O fundo dele detinha US$ 664,8 milhões em fundos garantidos por ouro e negociados em bolsa em 30 de setembro.

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