quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Stan vai para novos mercados com apoio de sócios bilionários

A Stan é uma incorporadora média, familiar, de capital fechado, especializada em imóveis de alto padrão em São Paulo. Até aí nada a diferencia de uma centena de empresas imobiliárias que atuam no setor. Mas é, certamente, a única que reúne um grupo de sócios bilionários. Desde 2007, a Stan é sócia de João Alves de Queiroz Filho - que já foi conhecido como o Júnior da Arisco e hoje é acionista da maior empresa de bens de consumo brasileira, a Hypermarcas - e os mexicanos Esteban Malpica, Alfredo Harp Helu e Roberto Ramirez, antigos sócios do Banco Nacional do México (Banamex), vendido para o Citigroup em 2001. Aproveitam a expansão acelerada do mercado para testar novos mercados, como galpões industriais e residenciais para a classe média.
O que começou como uma parceria de Júnior em um ou outro empreendimento tornou-se a empresa agrega os ativos imobiliários da holding Monte Cristalina, que reúne outros negócios do empresário goiano fora da Hypermarcas. O veículo que reúne a sociedade entre a Monte Cristalina, os ex-donos do Banamex e a Stan Desenvolvimento Imobiliário é a Bramex.
A Stan é a responsável por todos os projetos e pela gestão de incorporação da Bramex, que injeta recursos na empresa e serviu como alternativa de capitalização na euforia da abertura de capital do setor em 2007. Os investimentos da Bramex não são revelados - o estilo reservado e avesso à exposição dos sócios, especialmente Júnior, é mantido na área imobiliária.
A Stan não é uma empresa nova, apesar da entrada recente dos sócios renomados. A família Neuding, que comanda a Stan, começou na área imobiliária há 60 anos com a Espécie, incorporadora que fez fama nos anos 70 com lançamentos residenciais nos tradicionais bairros de Higienópolis e Jardins. Foi uma das primeiras empresas a vender apartamento na planta, quando era praxe exibir o nome dos compradores para convencer os demais a entrar no projeto.
Comandada pelos irmãos Stefan Neuding e André Neuding - o pai André continua no dia a dia da companhia - a Stan procura investir em projetos diferenciados e fugir do convencional. De alguma forma, carrega do universo do consumo a preocupação em criar uma marca forte- com as respeitáveis diferenças entre os dois mercados. Faz projetos assinados por arquitetos renomados, como Isay Weinfeld, que criou o 360 graus (edifício residencial que permite visão panorâmica do apartamento) ou um prédio no Itaim-Bibi com um painel de 70 metros de altura, concebido pelos Irmãos Campana. "Nosso objetivo é sair do lugar comum", diz Stefan Neuding Neto.
Essa exclusividade, no entanto, dificulta a expansão e restringe, consideravelmente, o número de possíveis empreendimentos. Até porque a concorrência está mais capitalizada - as empresas abertas fizeram uma nova rodada de captações na bolsa no ano passado - e agressiva nos projetos. O que era um diferencial no passado, ganha ares corriqueiros em pouquíssimo tempo.
Por esse motivo, começa a ampliar sua atuação e adota novas estratégias: desceu um degrau e começa a vender para a classe média e média alta. Para aproveitar a demanda gerada pela ampliação do SFH (que permite o uso do FGTS para imóveis de até R$ 500 mil), pretende concentrar 60% dos lançamentos em apartamentos entre R$ 320 e R$ 750 mil. Está migrando para regiões menos nobres que seus endereços tradicionais, como Taboão da Serra e Barra Funda.
Ao contrário das companhias abertas que chegaram a quadruplicar de tamanho nos últimos dois anos - a Stan está no mesmo nível de lançamentos desde 2008, na casa dos R$ 300 milhões. Para este ano, a companhia estima chegar a R$ 350 milhões. Mas todos os lançamentos previstos para 2010 ficaram concentrados no último trimestre, por conta de atraso nas aprovações. Empresas de todos os portes têm postergado lançamentos por conta de entraves burocráticos, especialmente em São Paulo. A empresa tem mais R$ 150 milhões de VGV programados para o primeiro trimestre de 2011.
A Stan também está investindo em galpões logísticos - o setor está atraindo investidores e incorporadoras de outras áreas, como a MRV, maior construtora popular do país. Já fizeram um empreendimento em Barueri, alugado e 35% vendido para investidores institucionais e planeja o próximo em Campinas. "Tem mais capital do que negócio nessa área. O desafio está em encontrar boas oportunidades", diz Neuding.
A empresa tem, ainda, um portfólio de imóveis corporativos, cujo valor não divulga. Uma parte fica na companhia, como patrimônio, e outra é vendida - depois de alugada. Este ano, entregou um prédio na Marginal Pinheiros e, em parceria com a WTorre, iniciou a construção de um edifício corporativo em Pinheiros. "A procura dos fundos e bancos de investimentos por prédios de alto padrão alugados é enorme." A Stan tem aproveitado o momento para vender parte dos ativos, atualizar a carteira e investir em novos projetos.
Apesar da tradição dos sócios mexicanos em crédito imobiliário e o México ter sido, por muitos anos, referência na construção de imóveis populares, a Stan não pretende atuar nesse mercado. "Não vamos entrar no Minha Casa, Minha Vida", afirma.
Fonte: Valor

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