quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Especialistas em periferia


O grupo financeiro coreano Mirae cresceu de maneira fulminante ao concentrar seus esforços longe dos grandes centros financeiros mundiais. Mas tudo indica que conquistar os investidores brasileiros será mais difícil que o habitual.

Está na moda desdenhar de Wall Street. A crise de 2008, como se sabe, desidratou os grandes centros financeiros mundiais e aumentou a força relativa de países emergentes como China, Brasil e Índia. Nada mais natural que surgissem instituições cujo objetivo declarado é crescer com dedicação total à periferia. É o caso do BTG Pactual, o banco do carioca André Esteves. Desde que o BTG recomprou dos suíços do UBS a operação do Pactual, em abril do ano passado, Esteves empunhou a bandeira de criar o maior banco de investimento com base em mercados emergentes do mundo. Com essa filosofia, o BTG avança não apenas pela clássica rota financeira, como Londres e Nova York, mas também em locais menos óbvios - o banco já possui um escritório em Hong Kong e manifestou o interesse de estar presente no México. Se quiser seguir com essa estratégia, Esteves tem muito a ganhar estudando a carreira de um coreano completamente desconhecido no Brasil: o financista Hyeon-Joo Park, uma espécie de especialista em periferia.
Aos 52 anos, Park controla um dos maiores grupos financeiros da Ásia - a Mirae, que recentemente voltou suas atenções para o mercado brasileiro. Em pouco mais de dez anos, Park transformou sua pequena consultoria financeira em uma companhia com 75 bilhões de dólares sob gestão, mais que o dobro do total de ativos sob a responsabilidade do BTG. Por capitanear esse rápido crescimento, Park se tornou neste ano objeto de estudo na Universidade Harvard. Uma parte de seu sucesso pode ser explicada pela conjuntura na qual nasceu a Mirae, em 1997. Naquela época, quando Park deixou de ser um simples operador de uma corretora para montar sua empresa de investimentos, a maior parte do dinheiro dos coreanos estava aplicada no mercado imobiliário e em depósitos bancários. O investimento em ações era visto como especulação financeira. A desconfiança era tão grande que Park não encontrou nenhuma agência de publicidade disposta a endossar as ideias de uma recém-criada empresa financeira que pregava a popularização de uma aplicação duvidosa. A saída foi elaborar, ele próprio, os primeiros anúncios a ser publicados nos jornais e nas revistas locais. Apesar da dificuldade inicial, o fato de ser uma instituição pioneira em um setor pouco explorado deu à Mirae uma posição de destaque à medida que o mercado se desenvolveu - hoje, a empresa representa sozinha um terço do mercado de fundos de ações da Coreia.
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