quinta-feira, 15 de abril de 2010

Private equity já soma R$ 6,5 bi


O ano começa com cerca de US$ 2,5 bilhões - ou R$ 4,4 bilhões - levantados por cinco fundos de private equity para injetar na compra de participações de companhias brasileiras. Esse é o total de captações que vieram a público ao longo deste ano pelas gestoras Carlyle, AdventModalDGF e TMG.
Mas não deve parar por aí. O Valor apurou que pelo menos outros US$ 1,2 bilhão estão em fase de captação por quatro fundos de três gestoras para comprar fatias de empresas de infraestrutura, de incorporação imobiliária e multissetoriais de médio porte.
Foto Destaque
Os números deste início de ano levam a Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (Abvcap) a estimar que a captação neste ano de fundos que têm o Brasil como alvo atinja pelo menos o dobro do montante levantado em 2009. "O que se observa é que tem muita gente interessada em investir no Brasil. Há novos investidores e gestores interessados em aplicar aqui", diz Sidney Chameh, presidente da Abvcap.
Pesquisa feita pelo Centro de Estudos em Private Equity da Fundação Getúlio Vargas com 140 gestoras mostra que em 2009 foram captados US$ 4,6 bilhões por fundos destinados a investir no Brasil. O volume repete o desempenho de 2008, o que não pode ser considerado um mal resultado para um ano em que as captações caíram mundo afora.
Agora, do exterior, investidores estão vindo ao Brasil animados pelo fato de o país ter atravessado a crise sem muitos solavancos, o que dá mais ânimo ao crescimento. Já no Brasil os fundos de pensão têm demonstrado interesse em ampliar a fatia de seus investimentos destinados aos fundos de private equity para ampliar seus ganhos em tempos de taxas de juros mais baixas. Até seguradoras, tipo de aplicador bastante ausente dos fundos de participações, têm sondado gestores com o objetivo de aplicar nesses fundos.
É por isso que novos gestores estão surgindo no Brasil. O Carlyle anunciou neste ano que seus fundos vão destinar cerca de US$ 1 bilhão para o Brasil. O primeiro investimento foi feito na operadora de turismo CVC em janeiro deste ano. Outros estrangeiros sondam o mercado para dar início às atividades em breve.
O brasileiro banco Modal decidiu criar uma área especializada na gestão de fundos de private equity. Neste início de ano, fechou uma captação de R$ 500 milhões para investir em empresas ligadas à cadeia de óleo e gás. "De um lado, já conhecíamos esse setor pelo lado da concessão do crédito. De outro, o banco queria entrar na área de gestão de fundos de participações porque os investidores estão interessados em investir no lado real da economia", diz Isacson Casiuch, sócio do banco Modal.
Segundo John Michel Streithorst, gestor do Modal, novos tipos de fundos estão sendo analisados pela instituição, principalmente para investir em empresas ligadas à infraestrutura e à educação. Mas ainda não há previsão de data de lançamento.
O Óleo e Gás FIP, do Modal, tem como alguns de seus cotistas o BNDES, os fundos de pensão Petros (dos funcionários da Petrobras) e Funcef (da Caixa Econômica Federal). Além disso, o próprio Modal e a Caixa, administradora do fundo, devem ficar com 5% do fundo. O objetivo é comprar participações de até 49% nas companhias nos próximos cinco anos.
O setor ligado às empresas de petróleo e gás deve impulsionar grande parte do crescimento da indústria de private equity no Brasil neste ano. Além do Modal, diversos outros gestores também estão estudando entrar nesse mercado por meio dos fundos setoriais, de olho nas demandas que virão com o pré-sal. O movimento tem sido indiretamente apoiado pela Petrobras, que quer ver a criação de uma cadeia capaz de suprir suas encomendas futuras, de acordo com Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras.
Novos fundos focados em outros setores também devem surgir. Chameh, da DGF, diz que pretende captar R$ 250 milhões para um novo fundo voltado para aplicar em empresas de médio porte. Os aportes iriam de R$ 10 milhões a R$ 100 milhões em cerca de seis companhias.
Hoje, segundo a pesquisa feita pela FGV, o Brasil tem 1.700 pessoas atuando na indústria de private equity, o que coloca o país na quarta posição entre os maiores empregadores do mundo nessa indústria, atrás apenas dos Estados Unidos (38,5 mil funcionários), da Inglaterra (7.700) e da França (2.300). "A força trabalhadora no Brasil já permite ao país ampliar em muito o volume de recursos direcionados para os fundos de private equity", diz Cláudio Vilar Furtado, coordenador da pesquisa do centro de estudos da FGV.
Todo esse otimismo, porém, não significa que as captações estão sendo facilmente fechadas no exterior. "De uma forma geral, o levantamento de dinheiro ainda está ruim. A vantagem para o Brasil é que para a América Latina as coisas estão um pouco mais fáceis", diz Álvaro Gonçalves, sócio da gestora Stratus. O executivo calcula que os estrangeiros devem direcionar cerca de US$ 5 bilhões neste ano para a região.

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