sexta-feira, 12 de março de 2010

Ibmec vende participação para fundo americano

Após seis meses de negociações, o grupo Ibmec Educacional - dono das faculdades Veris e Ibmec Rio, Belo Horizonte e Brasília - anuncia, hoje, a venda de uma parte minoritária do seu capital, por R$ 130 milhões, para um dos fundos de private equity do grupo americano Capital International.
Trata-se de um aporte representativo, considerando que a receita líquida do Ibmec no ano passado somou R$ 143 milhões. "É uma participação minoritária relevante, com direito a um assento no conselho, mas não posso revelar o percentual. Esse aporte é o maior que já recebemos desde que fomos criados e será usado, principalmente, para o nosso crescimento orgânico", disse ao Valor Eduardo Wurzmann, presidente do grupo Ibmec, que assinou o contrato em plena semana de Carnaval.

A operação com o Ibmec marca também a estreia do Capital International na área de ensino no Brasil. No mundo, o grupo americano entrou no segmento de educação em 2006, quando investiu US$ 70 milhões na instituição de ensino indiana Manipal.

No Brasil, o Capital International é, desde 2005, dono de 12,3% do capital do Magazine Luiza. Além disso, o grupo tem participação na Arcos Dourados na América Latina, empresa proprietária da rede de lanchonetes Mc Donalds na região. Os fundos de private equity do Capital International já investiram mais de US$ 2 bilhões no mundo.

Os motivos que levaram o grupo a se interessar pelo Ibmec é o foco de atuação da instituição de ensino e a qualidade de seus cursos. A unidade do Ibmec no Rio, por exemplo, recebeu pontuação máxima no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) do ano passado.

Em relação aos segmentos em que atuam, o Ibmec é voltado ao público da classe A, com mensalidades entre R$ 1,2 mil e R$ 1, 7 mil. Já as faculdades Veris atraem alunos das classes B e C+ , com tíquete variando de R$ 700 a R$ 1 mil. Esses três públicos ainda são pouco explorados pelas instituições de ensino consolidadoras, que apostam basicamente na classe popular.

Questionado se os recursos do aporte seriam aplicados em aquisições, Wurzmann disse que as compras não são prioridade nessa etapa do grupo. "Só vamos comprar mais faculdades se for muito interessante. Nosso foco é crescer de forma orgânica", afirmou o executivo. A instituição de ensino promoveu cinco aquisições nos últimos cinco anos, que demandaram investimentos de pelo menos R$ 50 milhões.

Nos próximos dois anos, a meta de Wurzmann é investir cerca de R$ 40 milhões. O dinheiro será aplicado na construção de novos campi em Belo Horizonte, em Brasília e no Rio; no sistema de ensino a distância e em tecnologia com novos programas de gestão de educação. A expectativa é de que neste ano a receita do grupo tenha crescimento de 20%.

Os recursos do aporte servirão também para quitar dívidas de curto prazo, no valor de R$ 30 milhões. Serão mantidas apenas as dívidas de longo prazo, disse Wurzmann. O executivo tem a seu lado, no conselho do Ibmec, nomes de peso como o de Claudio Haddad, um dos fundadores da instituição e atual presidente do Insper, que até o ano passado também era denominado Ibmec. Para evitar confusões, o Ibmec de São Paulo passou a se chamar Insper e desde 2004 é uma instituição sem fins lucrativos.

Fonte: Valor Econômico (22/02/2010)

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