quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ofertas já superam R$ 6 bilhões

O ano de 2010 começa repleto de opções para os investidores em termos de ofertas públicas de ações. Inpar, PDG Realty, Aliansce Shopping Centers e Multiplus já divulgaram o calendário das suas operações, que podem movimentar até R$ 4,7 bilhões no cenário mais otimista. E todas essas ofertas serão concluídas ainda antes do carnaval.

Colocando na conta também as operações da M. Dias Branco, Metalfrio e Cruzeiro do Sul, que estão em análise na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o volume sobe para R$ 6 bilhões.

A BR Properties está com pedido de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas ainda não divulgou uma estimativa de preço para os papéis nem a quantidade que será vendida. Outras empresas, como Renova Energia e Ecorodovias, também se preparam para estrear na BM&FBovespa.

Para notar a expressão deste volume , de janeiro a maio do ano passado, quando o mundo ainda vivia com o temor da crise financeira internacional, ocorreu apenas a oferta secundária das ações que o Citigroup tinha na Redecard, no valor de R$ 2,2 bilhões, em uma transação diretamente ligada com a turbulência, pois o banco precisava fazer caixa.

Em 2007, quando o total de ofertas de ações somou R$ 75,4 bilhões, as operações registradas em janeiro e fevereiro alcançaram R$ 7,1 bilhões.

Apesar da fila de operações, a presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, descartou nesta semana o risco de haver uma bolha nas ofertas de ações. Para ela, os investidores estão prestando atenção no que fazem.

Segundo Bruno Lembi, sócio da empresa de assessoria financeira M2 Investimentos, é possível notar que os investidores pessoa física estão mais atentos e seletivos quando o assunto é oferta inicial de papéis, caso da Aliansce, Multiplus e BR Properties. "Não é mais como acontecia no começo", afirma o especialista, que diz haver preocupação sobre o fluxo e sobre como os estrangeiros estariam vendo a operação.

Esse pé atrás, de acordo com Lembi, decorre da precificação dos papéis, que às vezes acaba tirando o prêmio que o investidor que entra na oferta poderia ter. "Acaba sendo um tiro no pé, porque o investidor percebe isso, e aí fica mais difícil fazer uma oferta depois."

Em relação às ofertas subsequentes - de empresas que já possuem ações negociadas na bolsa - a receptividade é maior, garante o sócio da M2 Investimentos. "Essas operações têm sido muito bem-sucedidas, até porque o mercado bate demais no papel à vista e normalmente tem um ágio interessante para o investidor ganhar na oferta", afirma Lembi.

Um risco que deve ser observado pelos bancos coordenadores e pelos emissores é o de haver excesso de operações ao mesmo tempo, explica Silvio Paixão, professor da Fipecafi e planejador financeiro certificado. "Se o mercado for de 10 e você colocar oferta de 20, não vai dar certo. Ou então o preço vai cair", afirma o especialista.

De forma geral, no entanto, Paixão considera que é natural a retomada das operações no cenário que se desenha para 2010, de inflação dentro da meta, Selic perto de 9%, taxa de câmbio sem grandes oscilações e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 5%. "Esse nível de taxa de juros não atende às expectativas do investidor no médio prazo. Dentro dessas características, as pessoas que são superavitárias vão pensar em renda variável", diz o professor.

Do lado das próximas ofertas, além do setor imobiliário, outros segmentos que devem aparecer com destaque neste ano são os de infraestrutura, incluindo transporte e logística, saúde e commodities, o que abarca também empresas da cadeia do petróleo. A avaliação é de Daniel Facó, sócio do escritório Machado, Meyer.

Voltando para a análise das operações que já estão com o calendário divulgado, o investidor precisa prestar atenção nas características de cada oferta. A distribuição da PDG Realty, por exemplo, será toda secundária, por meio da qual o dinheiro vai para o bolso dos sócios, e é motivada pelo interesse do acionista vendedor de encerrar um fundo que tem como cotistas ex-sócios do Pactual que ficaram em lados distintos após a recompra do banco. Na hora da alocação, os atuais investidores indiretos poderão exercer direito de preferência e ficar até mesmo com todo o lote colocado à venda.

Por outro lado, o papel da PDG já caiu mais de 10% desde o anúncio da oferta, o que alguns analistas consideram como positivo para quem for entrar.

A Aliansce, por sua vez, já tinha tentado listar ações na Bovespa em 2007, mas condições adversas de mercado levaram ao adiamento da operação. A oferta terá uma parcela primária, em que o dinheiro vai para o caixa da empresa, e outra secundária, por meio da qual o fundo GBP I, gerido pelo Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, vai reduzir a fatia na companhia.

Considerando o preço estimado de R$ 10 a R$ 13 por papel, a empresa chegará á bolsa com valor de mercado de R$ 1,39 bilhão a R$ 1,81 bilhão. Para comparação, a BR Malls, que também atua no segmento de shopping centers, é avaliada em R$ 4,38 bilhões, a Multiplan vale R$ 5,5 bilhões, a Iguatemi, R$ 2,44 bilhões e a General Shopping, R$ 504 milhões.

No acumulado dos nove primeiros meses de 2009, a Aliansce teve lucro líquido de R$ 18,7 milhões, revertendo prejuízo de R$ 10,9 milhões de um ano antes. Já a receita líquida de janeiro a setembro somou R$ 97 milhões, alta de 40% sobre 2008.

Outra estreante na bolsa será a Multiplus, empresa que assumiu o programa de fidelidade da companhia aérea TAM e tem um modelo de negócios ainda pouco conhecido. Tendo em conta o preço estimado para a ação, de R$ 18 a R$ 24, a empresa sairia com valor de mercado de R$ 2,8 bilhões a R$ 4,1 bilhões. A TAM fechou 2009 valendo R$ 5,5 bilhões.

Conforme o balanço pro forma com base no resultado do Programa TAM Fidelidade, a empresa teve lucro de R$ 95,1 milhões de janeiro a setembro de 2009, o que representa alta de 60% ante o mesmo período de 2008. A receita cresceu 37%, para R$ 595 milhões.

Fonte: Portal Exame

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