terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Fundos hedge compram, enquanto pessoa física sai

Os fundos hedge vêm despejando dinheiro em ações, enquanto as pessoas físicas saem do mercado no maior ritmo em 12 meses, o que é interpretado por investidores profissionais como sinal de que o índice Standard & Poor's deverá estender seu movimento de alta.

Cerca de US$ 37,3 bilhões foram retirados por fundos mútuos dos Estados Unidos desde agosto, segundo números da Investment Company Institute (ICI). No terceiro trimestre, os fundos hedge aumentaram suas apostas para o maior nível desde o fim de 2007 e continuaram comprando, de acordo com dados compilados pelo Goldman Sachs Group, consultores do setor e a "Bloomberg".

"Os investidores mais refinados estão vendo a oportunidade, mas os investidores de varejo ainda estão assustados", afirmou James Dunigan, chefe da divisão de gestão de grandes fortunas da PNC Financial Services, sediada na Filadélfia, que administra US$ 104 bilhões. "Isso sugere que a onda de alta ainda tem espaço para avançar", diz ele.

Antes de os mercados de crédito terem começado a travar em agosto de 2007, a ocasião anterior em que os fundos mútuos viram uma saída tão grande havia ocorrido no período de nove meses até fevereiro de 2003, quando o Índice Standard & Poor's 500 iniciou alta de cinco anos. Agora, essas vendas trazem oportunidades para que empresas como Paulson & Co., Christofferson Robb & Co. e Passport Capital Management LLC apostem que as ações subirão graças aos mais de US$ 11 trilhões emprestados, gastos ou garantidos pelo governo dos EUA para encerrar a recessão.

As pessoas físicas, que representam 82% dos investidores de fundos mútuos nos EUA, sacaram US$ 21,4 bilhões a mais do que investiram em renda variável e aplicaram US$ 312,8 bilhões em bônus no acumulado do ano até outubro, de acordo com a ICI, de Washington.

Mas os investimentos que lucram quando as ações caem aumentaram. Os fundos mútuos conhecidos como long/short e de tendência negativa atraíram um recorde de US$ 10 bilhões entre janeiro e outubro, mais que o dobro do pico anterior, registrado em 2006, segundo a Morningstar. Os chamados administradores de varejo abriram 19 fundos long/short, o maior número em 12 meses.

Em contraste, os fundos hedge elevaram suas apostas em 21%, para US$ 604 bilhões no terceiro trimestre, de acordo com o Goldman Sachs. Eles tinha US$ 363 bilhões em vendas a descoberto (apostas que as ações cairão). Os fundos agora possuem 3,8% do índice Russell 3000, que inclui as maiores empresas dos EUA, a maior porcentagem no ano.

Os fundos hedge - em sua maioria instituições de capital fechado que agrupam recursos e cujas administradoras participam substancialmente nos lucros especulando se os preços dos ativos subirão ou cairão - receberam US$ 1,1 bilhão em investimentos líquidos no trimestre encerrado em setembro, de acordo com a Hedge Fund Research, de Chicago. Foi o primeiro aumento no setor, de US$ 1,53 trilhão, em 12 meses.

O Índice Standard & Poor's 500 subiu 15% nesse período, sendo que alta acumulada desde a mínima atingida em 9 de março é de 61% e o retorno em 2009, incluindo o reinvestimento de dividendos, é de 24%.

"Faz sentido que os fundos hedge estejam ficando comprados (apostando na alta), tendo em vista que o mercado subiu tanto em um período de seis meses", afirmou Harry Rady, que administra US$ 250 milhões, como executivo-chefe da Rady Asset Management LLC, uma administradora de La Jolla, Califórnia, cujo fundo hedge vem aumentando as posições em ações. "O Fed informou que não deixará o mercado cair e eles vêm fazendo isso injetando liquidez em vários mercados, o que espirrou no mercado de renda variável. As pessoas têm confiança para assumir riscos com ações."

A maior parte das ações dos EUA caiu na semana passada, uma vez que as especulações de que Dubai poderia ter uma moratória trouxeram receios de que a recuperação do sistema financeiro mundial pudesse estancar-se. Essas preocupações ofuscaram a queda nos pedidos de seguro-desemprego e o aumento nas vendas residenciais.

Os gerentes aumentaram as posições em ações nos últimos dois meses, de acordo com a assessora de investimentos londrina Kinetic Partners, que tem como clientes quase 70% dos 50 maiores fundos hedge britânicos, e a Conifer Securities LLC, de San Francisco, que executa operações para mais de cem fundos hedge.

Os ativos dos fundos hedge poderiam aumentar para US$ 1,75 trilhão no fim de 2010, segundo escreveu Huw van Steenis, do Morgan Stanley, em informe de 23 de novembro. Peter Clarke, executivo-chefe do Man Group Plc, maior administradora de fundos hedge de capital aberto, afirmou em encontro com repórteres em 23 de novembro que o setor poderia receber até US$ 50 bilhões por trimestre em 2010.(Tradução Sabino Ahumada)

Fonte: Valor Online

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