sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mercado freia euforia e ouro volta a ser o melhor investimento em outubro

SÃO PAULO - Depois de três meses seguidos como melhor investimento, chegou a hora do Ibovespa fazer uma pausa - resta saber se para recuperar o fôlego ou reverter tendência. Em outubro, quem roubou o posto de melhor alternativa de investimento foi o ouro: o grama da commodity negociada na BM&F acumulou alta de 2,6% no mês. Pouco difundido no Brasil, porém atraente em cenários de maior aversão a risco e preferência pela preservação do capital, o investimento em ouro ganhou espaço em um mercado mais receoso e menos propenso ao risco - em clima de "esperar para ver".

Dentro das alternativas de renda fixa, a aplicação em CDBs pré-fixados de 30 dias garantiu retorno nominal médio de 0,69% em outubro, mesma marca do benchmark CDI. Já a tradicional caderneta de poupança, que pode ter seus rendimentos tributados em determinadas carteiras superiores a R$ 50 mil a partir de 2010, apresentou retorno de 0,5% em termos nominais, ou de 0,45% quando considerada a variação de 0,05% do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) no período.

Por fim, o investimento em dólar - aqui acompanhado pela variação da Ptax - não se mostrou vantajoso em outubro: o retorno nominal desta aplicação foi negativo em 1,92%.

Pare e pense

A primeira semana de outubro dava pinta de que teríamos mais um mês de forte alta das bolsas: o Ibovespa e os principais índices de Wall Street davam continuidade ao rali dos últimos meses e renovavam as máximas do ano. Mas as semanas se passaram e o mercado finalmente imprimiu uma pausa no forte ritmo de recuperação dos preços dos ativos de risco.

Um olhar mais geral para a agenda de indicadores econômicos e para os números trazidos pela temporada de resultados corporativos traz disparidade, o que não foi novidade.

Nos EUA, o dado cru do PIB norte-americano do terceiro trimestre agradou, já que veio acima das projeções. Mas não deixou de carregar desconfiança. Quando tirados os estímulos monetários e fiscais implementados durante a crise, a maior economia do mundo terá força para manter um ritmo de recuperação convincente?

O próprio "quando" voltou a preocupar, já que a Noruega se tornou o terceiro país (além de Israel e Austrália) a subir seu juro básico.

No setor financeiro, os grandes bancos trouxeram resultados relativamente positivos. Não foi daí que veio a preocupação... a quantidade de bancos (leia-se bancos regionais, de pequeno porte) que fecharam as portas nos EUA em 2009 já passa de 100 instituições. Para tentar botar ordem, o Federal Reserve e o Tesouro concretizaram a promessa de regulação, apresentando propostas que envolvem condução de falências, maneiras de o Estado socorrer instituições com problemas, proteção do contribuinte, limitação dos poderes emergenciais do Fed e da FDIC (agência que garante os depósitos nos EUA) e maior poder de supervisão e regulação do governo em relação aos bancos "too big to fail".

No último pregão do mês, veio o CIT apimentar o noticiário em torno do setor financeiro com sua iminente falência. A onda de rumores de que a reestruturação de sua dívida, que contou com linha de crédito em US$ 1 bilhão do megainvestidor Carl Icahn, levou o VIX (Volatility Index) à maior variação diária em um ano - boa amostra de como o sentimento geral dos mercados evoluiu desde a eufórica primeira semana.

A bolsa brasileira teve ainda que lidar com a volta da taxação do capital estrangeiro destinado a renda fixa e variável pelo IOF. Alguns elogiaram a medida na teoria, por afastar a formação de uma bolha nos ativos domésticos, mas na prática a reação foi outra.

CCR e Rossi nos extremos do Ibovespa

Para exemplificar a pressão negativa sofrida pelas ações de empresas que realizaram follow-ons em outubro, a Rossi (RSID3) fechou o mês com o pior desempenho dentre os papéis que compõem a carteira teórica do Ibovespa. Mas mesmo com a queda de 17,26% de outubro, a ação ordinária da Rossi ainda é a segunda mais valorizada de 2009 do índice, perdendo somente pra MMX (MMXM3,+317%).

Mas para mostrar que esta tendência não foi generalizada, a CCR (CCRO3), que também ofertou ações na bolsa no mês, teve a melhor performance do Ibovespa, subindo 14,81% em outubro.

Variações das principais métricas de investimento em outubro:

InvestimentoOutubroReal*SetembroReal**
Ibovespa+0,05%0,00%+8,90%+8,44%
CDI***+0,69%+0,64%+0,69%+0,27%
CDB ****+0,69%+0,64%+0,69%+0,27%
Poupança+0,50%+0,45%+0,50%+0,08%
Ouro+2,61%+2,56%+0,97%+0,54%
Dólar Ptax-1,92%-1,97%-5,74%-6,14%
IGP-M+0,05%+0,42%
* Deduzida a variação do IGP-M que ficou em 0,05% em outubro de 2009 ** Deduzida a variação do IGP-M que ficou em 0,42% em setembro de 2009 *** Taxa Efetiva Andima **** Taxa pré 30 dias

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